O mar de jovens, que literalmente tomou as ruas do país em 2013, confrontou aquela máxima de que política não se discute. O clamor por um país mais justo sacudiu governantes, mas foi apenas o primeiro ato desta história. Chegou o momento de discutir não apenas o que não queremos (corrupção, miséria, assistencialismo), mas por qual caminho pretendemos trilhar daqui para frente.
Para ajudar uma nova geração a descobrir que política e politicagem são coisas muito diferentes, nasceu o Voto Bem Pensado. A geração dos protestos de junho vai às urnas pela primeira vez em outubro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estima que 11 milhões de adolescentes entre 16 e 20 anos vão estrear nas eleições. E não é pouca coisa. Basta lembrar que, em 2010, a diferença entre a presidente Dilma Rousseff e o segundo colocado, José Serra, foi de 12 milhões de votos.
O Voto Bem Pensado é um evento de cidadania sem nenhuma preferência por partido ou candidato. O objetivo não é falar sobre candidato A ou candidato B, mas dar ferramentas necessárias aos jovens eleitores para que avaliem por contra própria os discursos e as jogadas de marketing e tirem suas próprias conclusões.
Além de um direito, o evento parte da premissa de que o voto consciente, bem pensado, é um dever de cada cidadão e a melhor maneira de transformar milhares de reivindicações em ações. Para isso, é preciso qualificar o processo de escolha.
O Estudo Eleitoral Brasileiro, realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pelo Cesop/Unicamp, apontou que, em 2006, 71% dos eleitores haviam esquecido em quem votaram para deputado federal quatro anos antes e outros 3% citaram nomes inexistentes. Entre as pessoas com nível superior, o índice chegou a 53%.
Pior: a amnésia começa cedo: dois meses após a eleição, 28% já não se recordam de seu candidato a deputado federal, e 30%, em quem votaram para deputado estadual.
A organização do evento está a cargo de um grupo de voluntários do MC2, uma igreja cristã local. “Estamos comprometidos em ajudar a construir uma cidade melhor por meio do serviço, do compartilhamento de recursos e da cidadania plena. Não temos nenhum vínculo partidário e não apoiamos nenhum candidato. Somente uma sociedade bem informada e engajada pode transformar sua realidade social, política e econômica na direção de um país mais justo e próspero”, afirma Eduardo Kormives, jornalista econômico e um dos organizadores do Voto Bem Pensado.
O evento vai acontecer no dia 2 de agosto, no Auditório 1 da SATC, em Criciúma, com início às 14h. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.
Programação:
O formato do evento será uma palestra de 30 minutos seguida de perguntas da plateia.
14h: abertura
14h15: Cada um no seu quadrado
Assunto: Qual o papel dos três poderes no Brasil e de quem cobrar educação, saúde e segurança
Convidado: Ênio Coan, economista, professor e ex-candidato a vice-prefeito de Criciúma
15h15: É a economia, estúpido!
Assunto: Por que coisas como dívida pública, PIB e taxa Selic importam
Convidado: Eduardo Kormives, jornalista econômico
16h15: Intervalo
16h30: Eleitor, você me conhece…
Assunto: Como pesquisas e estratégias são usadas para montar campanhas
Convidado: Adelor Lessa, colunista político e radialista
17h30: O candidato merece uma curtida? Redes sociais e eleições
Assunto: As armas das campanhas para atrair eleitores nas redes sociais
Como buscar informações para avaliar candidatos
Convidado: Lucas Borges, jornalista e diretor da Ápice Comunicação
18h30: A matemática da urna
Assunto: O que é quociente eleitoral, por que o Brasil usa este modelo e quais as propostas que podem ser discutidas numa eventual reforma política (voto distrital, lista fechada etc).
Colaboração: Katia Farias