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VÍDEO: Auge da temporada: expedição registra 225 baleias-francas no litoral sul

Este é o terceiro maior número de baleias já registrado nos sobrevoos na região

Fotos e vídeo: Divulgação

Foram 225 baleias-francas (110 mães, acompanhadas de filhotes, e cinco adultas sozinhas) avistadas no monitoramento aéreo durante os sobrevoos que cobriram os litorais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ao todo foram 1,2 mil quilômetros percorridos de helicóptero. A empreitada se justifica devido ao período ser o auge da temporada das baleias-francas no litoral brasileiro.

E essa jornada é uma iniciativa da Expedição Baleia-Franca, que realizou o sobrevoo estendido pelo litoral sul do Brasil, uma ação conjunta do Programa de Monitoramento das Baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba (SC) e do Projeto Franca Austral, realizado pelo Instituto Australis.

Em Santa Catarina a maior concentração ocorreu entre a praia de Ibiraquera, Imbituba, e Mar Grosso (Laguna). Já em Florianópolis foram avistadas baleias nas praias de Joaquina e Moçambique. No Rio Grande do Sul, a maior quantidade foi registrada entre Capão da Canoa e Tramandaí. Já o vizinho Paraná não contou com avistagens – no trecho entre Guaratuba (PR) e São Francisco do Sul (SC) o monitoramento teve que ser interrompido em função de um nevoeiro marítimo que prejudicou a operação. O registro mais austral ocorreu em Balneário Pinhal, no Rio Grande do Sul.

Assista ao vídeo:

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Segundo Eduardo Renault, Gerente de Pesquisa do ProFRANCA, “em relação aos anos anteriores, foi período com um número de baleias acima da média, próximo do número registrado em 2022. O padrão de distribuição esteve semelhante, mas o interessante foi ter poucas baleias em enseadas tradicionais do trecho norte da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, como a enseada da Gamboa, em Garopaba. Fugiu um pouco do padrão que costumamos registrar”.

A maior concentração ficou no litoral de Santa Catarina, com concentrações em algumas enseadas – uma tendência normalmente observada nesta época, representando o pico da temporada. “Agora a maioria das baleias já estão acompanhadas de seus filhotes, com um comportamento refletindo o fato de Santa Catarina ter as condições ideais para os cuidados das mães com os filhotes.” Em 2020, em expedição cobrindo área semelhante, foram registradas apenas 42 baleias-francas. Em 2022, após análise final dos registros, foram contabilizadas 228 baleias-francas.

Durante este último sobrevoo foram avistadas algumas baleias antigas conhecidas, entre elas a Zebrinha, catalogada com o número B194, conhecida desde 2002, que neste ano teve um filhote semi-albino. Também foi registrada uma delas que, no dia 2 de setembro foi vista na praia do Moçambique, com um pedaço de rede de pesca preso à cabeça – e agora já livre da intempérie. Chamou a atenção uma rara baleia semi-albina fêmea. A ocorrência dessa característica tem sido registrada no Brasil, porém são raras as baleias-francas fêmeas com esta característica. Foi a primeira vez que o fato é detectado no litoral brasileiro.

Durante o sobrevoo, a equipe de monitoramento aéreo, formada por dois observadores e um fotógrafo, fez o censo e o registro da localização dos indivíduos, além da fotografia das baleias. As fotos serão utilizadas na identificação dos indivíduos adultos, possível através de calosidades que cada animal possui sobre a cabeça, únicas para cada baleia-franca, como se fosse uma impressão digital.

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Monitoramentos

Um monitoramento sistemático a partir de terra está sendo realizado pelo projeto ProFRANCA ao longo de 15 pontos fixos na região da APA da Baleia Franca. A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas.

Na região do Porto de Imbituba, o Programa de Monitoramento das Baleias-Francas integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba. Realizado há 15 anos, o trabalho abrange duas metodologias: monitoramento aéreo e terrestre. Por terra, a observação ocorre em pontos fixos nas enseadas das praias do Porto e da Ribanceira, entre os meses de julho e novembro, e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.

O monitoramento da frequência dos cetáceos na região possibilita que o Porto estabeleça controles operacionais voltados à conservação da espécie. “As informações coletadas ao longo da temporada permitem analisar a frequência de uso e comportamento das baleias, a fim de garantir a segurança e a conservação da espécie em harmonia com a continuidade das operações portuárias”, avalia Camila Amorim, oceanógrafa da SCPAR Porto de Imbituba.

As baleias-francas

A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. Os números são resultado de uma tese de doutorado, contemplando uma análise de 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. A realização e continuidade deste monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.

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