Às vezes foge à nossa compreensão certas atitudes e posicionamentos do povo brasileiro em relação a coisas que acontecem no país. Dentre tantas, chama-nos atenção agora a baixa procura pelas vacinas oferecidas gratuitamente em todas as unidades de saúde. Um grande percentual de crianças, e adultos também, não foram imunizados ainda, o que caracteriza uma falta de responsabilidade da família, não só com os filhos, mas para com a coletividade, pois trata-se de um problema de saúde pública. Vacinar é responsabilidade social.
Em 1976 foi instituído o Programa Nacional de Imunizações (PNI) assegurando a oferta gratuita, e obrigatória, de vacinas pelo SUS, cabendo aos pais a responsabilidade de cumprirem a determinação, pois vacinar é a forma mais segura de prevenir doenças graves. A prova evidente disso é que inúmeras doenças foram erradicadas graças às campanhas em massa, porém corremos o risco de tê-las de volta, porque as pessoas pensam que uma vez erradicadas estamos a salvo, e passam a negligenciar. Últimos dados mostram que neste ano o país teve o mais baixo índice de imunização dos últimos 24 anos.
O Programa Nacional de Imunizações colocou o Brasil como modelo mundial de política pública eficaz nas últimas décadas. Graças aos investimentos no programa, conscientização e responsabilidade, doenças como: paralisia infantil, sarampo, varíola, rubéola, dentre outras, desapareceram. O objetivo foi atingido levando a queda da mortalidade infantil.
Mas, se as evidências dos benefícios estão tão claras, por que razão os brasileiros estão deixando de se vacinar?
Uma das razões é exatamente a eficácia da vacina… As pessoas acreditam que doença extinta não volta, duvidam da reversão do quadro. O Brasil detém hoje o certificado de erradicação do sarampo, no entanto o surto de sarampo em regiões do norte do país, provavelmente trazido pelos venezuelanos refugiados, pode trazer de volta uma doença combatida a duras penas, além da perda da certificação. Se nossas crianças tivessem sido vacinadas, tudo poderia ser evitado. Hoje, com a globalização, as pessoas mudam de continente com maior facilidade podendo trazer doenças que podem levar a morte às comunidades. Só a vacina é capaz de combatê-las.
Outro fator que vem contribuindo para a baixa procura é um movimento chamado “antivacina”, no qual pais defendem o direito de decidir sobre vacinar ou não os filhos, apesar de ser lei. Acreditam em terapias alternativas, ignorando a evolução, os benefícios e os resultados estatisticamente comprovados. Protegem individualmente, esquecendo que somente a vacinação em massa é a forma eficaz de prevenção, pois consequentemente leva à erradicação das doenças. Saúde se faz com prevenção.
Existe uma lei, mas como tantas outras precisa ser cumprida. Faz-se necessário que sejam estipuladas punições aos pais que não a cumprem. A vacina é um direito de toda criança, um dever do Estado e responsabilidade da família.