Eficácia na faixa de alvo da vacina contra a gripe se mostrou promissor, de acordo com um estudo feito nos Estados Unidos
Uma vacina experimental que contém proteína do vírus influenza A se mostrou promissora como imunização universal contra a gripe. O resultado foi compartilhado no Lancet Infectious Diseasesabre, uma revista científica mundialmente conhecida que publica estudos sobre infectologia.
Segundo o estudo, o novo imunizante poderia proteger contra várias cepas, independentemente das mutações anuais.
Conforme descrito no Lancet Infectious Diseasesabre em uma nova guia ou janela, todos os grupos de vacina experimentaram aumentos significativos de imunidade contra o vírus influenza.
“Se a eficácia da vacina observada for confirmada em um ensaio adequadamente controlado e bem controlado, o resultado estaria de acordo com o perfil de produto-alvo da vacina contra influenza universal definido pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos para uma vacina universal (com mais de 75% de eficácia contra infecção sintomática da gripe)”, descreve o estudo.
Como esta vacina contra a gripe foi feita?
Chamada de OVX836, a vacina é feita a partir de nucleoproteína H1N1 recombinante. A nucleoproteína é uma proteína relativamente estável nas partículas virais – não propensa às mutações que alteram os antígenos de superfície com tanta frequência que novas cepas estão constantemente surgindo.
O estudo opina que usar essa proteína estável como um antígeno pode reduzir a necessidade de atualização constante da vacina contra a gripe, que hoje é aplicada todos os anos.
A pesquisa foi financiada pela Osivax, Bpifrance, Região da Valônia e pelo Programa de Pesquisa e Inovação Horizon 2020 da União Europeia.
Quem participou?
Ao todo a pesquisa recrutou 137 adultos (de 18 a 55 anos), que receberam o imunizante. Todos eles eram pacientes do Ghent University Hospital, na Bélgica, e foram recrutados de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. A idade média dos participantes foi de 34,5 anos. Destes, 71% eram mulheres e 96% eram brancos. Todos os pacientes foram acompanhados pelo menos até o final da temporada de gripe 2021-2022, ou 180 dias.
Alguns dos participantes receberam placebo (sem a vacina verdadeira) e outros, a vacina.
A análise do grupo que recebeu a vacina, gerou eficácia da vacina de 84%, com 33 casos de influenza A no grupo placebo, contra apenas dois casos entre os 104 pacientes que receberam a vacina. Neste ponto, os pesquisadores lembram que todas as vacinas não servem para prevenir a doença em si, mas prevenir mortes pela doença.
A vacina ainda está em fase de estudo, aponta a revista científica, que finaliza dizendo que esta pode ser uma revolução na prevenção contra a doença.
O que é a gripe?
Segundo o Ministério da Saúde, a gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da influenza, com grande potencial de transmissão. Existem quatro tipos de vírus influenza/gripe: A, B, C e D. O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.
Tipo A – são encontrados em várias espécies de animais, além dos seres humanos, como suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves. As aves migratórias desempenham importante papel na disseminação natural da doença entre distintos pontos do globo terrestre.
Eles são ainda classificados em subtipos de acordo com as combinações de 2 proteínas diferentes, a Hemaglutinina (HA ou H) e a Neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, atualmente os subtipos A(H1N1)pdm09 e A(H3N2) circulam de maneira sazonal e infectam humanos. Alguns vírus influenza A de origem animal também podem infectar humanos causando doença grave, como os vírus A(H5N1), A(H7N9), A(H10N8), A(H3N2v), A(H1N2v) e outros.
Tipo B – infectam exclusivamente os seres humanos. Os vírus circulantes B podem ser divididos em 2 principais grupos (as linhagens), denominados linhagens B/ Yamagata e B/ Victoria. Os vírus da gripe B não são classificados em subtipos.
Tipo C – infectam humanos e suínos. É detectado com muito menos frequência e geralmente causa infecções leves, apresentando implicações menos significativa a saúde pública, não estando relacionado com epidemias.
Com informações do ND+