Em 12 de março de 2020, estado confirmou dois primeiros infectados com o novo coronavírus. Um ano depois, SC tem fila de espera por leitos e vacinação na 1ª fase.
Há um ano, a Secretaria da Saúde de Santa Catarina confirmava os primeiros dois casos de Covid-19 no estado: de um homem de 34 anos e uma mulher de 28 anos, que contraíram a doença no exterior e não precisaram ser internados. Doze meses depois, os catarinenses enfrentam a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com o novo coronavírus, enquanto a vacinação está na primeira das quatro fases iniciais,e convivem com restrições mais brandas que há um ano.
Até quinta (11), 717.454 pessoas tinham se contaminado com o novo coronavírus em 12 meses e 8.377 delas morreram, segundo o boletim do governo do estado. Quase 400 pacientes estavam na lista de espera por um leito de UTI Covid e 85 morreram antes de conseguir uma vaga, de acordo com levantamento feito pelo G1.
A taxa de ocupação de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS), contando Covid-19 e outras doenças, era de 96%,26. Levando em conta apenas UTI-Covid adulto, a porcentagem sobe para 99,30%.
O cenário da pandemia em março de 2020 era muito diferente de agora. Em 31 daquele mês, 235 pessoas tinham sido contaminadas com o vírus e duas tinham morrido. A primeira morte no estado foi confirmada em 25 de março. A vítima foi um idoso de 86 anos que morava em uma casa de repouso em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis.
Após a confirmação dos primeiros casos, em 17 de março de 2020 veio o decreto de emergência e, com ele, restrições para os serviços não essenciais. Foram suspensas as aulas, o transporte coletivo, o comércio, as academias, a recepção de novos hóspedes nos hotéis, as atividades nas igrejas, os eventos.
A primeira reabertura ocorreu em 26 de março, quando puderam ser retomadas as obras públicas. Bancos e lotéricas voltaram quatro dias depois. Porém, a maior parte dos serviços seguia suspensa, como academias, comércio, bares e o transporte coletivo.
Doze meses depois, mesmo com o agravamento da pandemia, há mais serviços em funcionamento agora do que em março de 2020. O decreto estadual, que entra em vigor nesta sexta (12), suspende as atividades não essenciais no fim de semana, mas elas estão liberadas, com regramentos, nos dias úteis. As normas vão até 19 de março.
Retrospectiva
Em abril, foram registrados 2.167 novos casos de coronavírus, com 46 mortes, conforme levantamento do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em março, foram 227 pacientes e dois óbitos.
Em maio, o número de casos confirmados de Covid-19 já aumentava em relação aos meses anteriores. Houve um total de 6.643 novos pacientes com a doença, com 95 mortes nesses 31 dias. Foi nesse mês também que Santa Catarina chegou a 100 óbitos por coronavírus, no dia 22.
As aulas continuavam remotas, mas houve flexibilizações de alguns serviços em abril e maio. A reabertura do comércio, em 13 de abril, foi relacionada por pesquisadores ao aumento do número de casos em Santa Catarina. Em Blumenau, no Vale do Itajaí, houve aglomeração na reabertura de um shopping
Outro relaxamento das regras ocorreu no final de maio, quando foi autorizada a retomada de aulas presenciais de autoescolas e cursos livres, como de idiomas e profissionalizantes.
A contaminação dos trabalhadores em frigoríficos também foi uma realidade no estado. Em Concórdia, no Oeste, metade dos casos registrados na cidade em maio eram de funcionários dessas empresas.
Em abril, ocorreu o lançamento do edital para o hospital de campanha de Itajaí, que teria 100 leitos de UTI-Covid. Porém, após a contratação da unidade ser suspensa pela segunda vez pela Justiça, o governo decidiu cancelar a iniciativa. A tentativa de contratação chegou a ser um dos motivos do segundo pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés (PSL) – e ainda não foi julgado.
Em maio, já houve problema de lotação da UTI-Covid em hospitais públicos catarinenses. O Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, por exemplo, estava com todas as unidades de terapia intensiva lotadas no dia 22.
Inverno na pandemia
Santa Catarina atingiu a marca de 10 mil casos confirmados em 3 de junho. O número de pacientes continuou subindo. No final do mês, já era comum o estado registrar mais de 1 mil novos casos em 24 horas.
Em 1º de junho, o Governo de Santa Catarina anunciou um plano regionalizado das ações, passando para as prefeituras a responsabilidade de decidir pelas restrições de combate ao coronavírus. Entre as flexibilizações autorizadas esteve a liberação do transporte coletivo.
Em junho, o estado teve um total de 17.317 casos confirmados de Covid-19, com 198 mortes, conforme o Necat.
Em julho, a taxa de ocupação da UTI SUS em Santa Catarina passou de 80% pela primeira vez. A capital chegou a ter 97,16% dos leitos de UTI para adultos ocupados. Balneário Camboriú voltou a registrar 100% de ocupação nos leitos do Hospital Ruth Cardoso. A Justiça chegou a intervir e a determinar a transferência de pacientes para outras unidades.
Em agosto, houve queda no número de pacientes com Covid-19.
“Pela primeira vez, observou-se que um conjunto de indicadores apresentaram por semanas consecutivas tendências de queda. Dentre eles, destacam-se: a taxa de crescimento do número total de casos caiu expressivamente por três semanas consecutivas; a média semanal móvel dos casos também caiu de forma expressiva nas duas últimas semanas de agosto”, escreveu Lauro Mattei no boletim de 29 de agosto da Necat.
No mês de agosto foi também quando o estado publicou medidas restritivas que foram seguidas durante todo o ano, enquanto outros decretos mais restritivos não eram feitos.
Agosto teve 93.704 casos confirmados de coronavírus em Santa Catarina, com 1.158 mortes, conforme o Necat. Os dados do mês seguintes mostraram a desaceleração do contágio: foram 37.701 novos pacientes com Covid-19 e 537 óbitos em setembro.
Em 1º de setembro, foi a primeira vez que Santa Catarina teve mais do que 1,5 mil leitos de UTI SUS durante a pandemia.
Novo pico
Com a diminuição do número de pacientes de Covid-19, também o número de leitos de UTI teve a mesma tendência em outubro. No dia 20, a quantidade de Unidades de Terapia Intensiva já era menor do que 1,5 mil.
UTIs voltaram a ficar lotadas em outubro, após registro de aglomerações em setembro.Foi definida lotação máxima em templos religiosos, que puderam abrir mesmo em regiões com risco gravíssimo para a doença. No Sul, algumas cidades decidiram ampliar horário de funcionamento de bares, restaurantes e similares.
A lotação nas praias continuou em outubro, principalmente no feriadão do dia 12. Nesse mês, o número de pessoas contaminadas voltou a subir. Outubro teve 43.462 novos pacientes com Covid-19, mas teve número de mortes menor do que setembro: 317. Os dados são do Necat.
A caminho do colapso
Dezembro teve um número ainda maior de novos casos confirmados de Covid-19: foram 128.239 e 1.491 mortes. O mês teve recorde no número de pessoas em tratamento contra a doença, mais de 30 mil, e aglomerações em praias e festas eram comuns nos finais de semana. O estado chegou a ter todas as regiões em risco gravíssimo para a doença pela primeira vez.
No final de dezembro, com a alta temporada de verão, o estado teve ainda mais flexibilizações: a permanência em praias, rios e lagos foi autorizada, além da ocupação de 100% em hotéis, aberturas de casas noturnas a partir do risco grave, eventos sociais e cinemas e teatros.
Em janeiro, os números continuaram aumentando e situação ficou mais crítica no Oeste. Segundo o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Marcelo Gomes em entrevista ao Jornal do Almoço, as festas de final de ano contribuíram para o aumento das internações em 2021.
Em 2021, mais de 100 transferências de pacientes da região Oeste foram feitas, o que causou lotação nos hospitais da Serra. Atualmente, todas as áreas do estato têm problemas de falta de leitos de UTI SUS.
Com informações do site G1/SC