Saúde

Tratamento da sífilis é racionado

Foto: Divulgação/Notisul

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Os pacientes que precisam de tratamento contra a sífilis enfrentam uma grave dificuldade na rede municipal de saúde. Conhecida pelo nome comercial Benzetacil, a penicilina benzatina – medicamento de primeira linha para o combate à doença – está em falta nas unidades de saúde. O problema, provocado pela escassez da matéria-prima utilizada na fabricação do antibiótico, afeta todo o país, conforme informou o Ministério da Saúde.

Em Tubarão, há cerca de dois meses, apenas gestantes têm o tratamento com penicilina garantido, já que a prioridade da Secretaria Municipal de Saúde é evitar a transmissão vertical da doença (de mãe para filho), conforme orientação da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do estado (Dive). Os demais pacientes, sejam adultos ou crianças com sífilis congênita, recebem medicação substitutiva.

Desde 2012, foram registrados na Associação de Municípios da Região de Laguna (Amurel), por meio do Centro de Atendimento Especializado em Saúde (Caes), 437 novos casos e 63 óbitos. Conforme a coordenadora do Caes, Débora Vandresen, o paciente com  diagnóstico de sífilis deve passar por uma consulta médica para avaliar os sinais e sintomas, e assim diagnosticar o estágio da doença, se é sífilis primária, secundária, latente ou terciária. E a partir disso ser prescrito o tratamento. “Como a sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), ela pode ser evitada com o uso do preservativo. A orientação/prevenção para evitar a sífilis é reforçar sempre o uso do preservativo. Somente dessa maneira é que se evita a sua transmissão”, destaca.

Fornecimento volta em 15 dias

A ministra interina da Saúde, Ana Paula Menezes, disse nesta semana que o fornecimento da penicilina benzatina deve voltar ao normal em até 15 dias. “Daqui 15 dias, a situação estará normalizada”, disse a ministra interina. “Não ocorreu nenhuma falha de compra dos gestores. O produtor teve problema com a matéria-prima e isso atrasou a sua distribuição. O ministério sentou com os representantes dos laboratórios com a perspectiva de que possam retomar, da maneira mais rápida, a distribuição do medicamento”, afirmou Ana Paula.

Atualmente, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existem no Brasil quatro empresas com registro válido para produzir a penicilina benzatina, também conhecida como benzilpenicilina benzatina ou penicilina G benzatina. A Eurofarma, que produz o remédio com nome comercial Benzetacil, a Fundação para o Remédio Popular (Furp), o Laboratório Teuto Brasileiro S/A e a Novafarma Indústria Farmacêutica LTDA.

Sífilis congênita cresce no estado e mata ao menos 35 bebês em 2014

Só em Santa Catarina, pelo menos 15 bebês nasceram mortos no ano passado e outros 20 sequer chegaram à metade da gestação por causa de uma doença que poderia estar erradicada, mas cujos números têm alarmado médicos e autoridades na área da saúde em todo o Brasil: a sífilis congênita, quando a doença é transmitida da mãe para o bebê.  Em 2014, foram registrados 269 casos de sífilis congênita no estado, segundo dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica (Dive), órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Conforme o órgão, as notificações vêm aumentando nos últimos anos: em 2012, haviam sido 101 casos, com dois abortos e dois natimortos. Em 2013, os números deram um salto para 222 transmissões, com seis abortos e 15 natimortos. No ano seguinte, o número subiu novamente.

Como é transmitida

A sífilis é uma doença causada por uma bactéria e transmitida durante o contato sexual sem preservativo, inclusive no sexo oral. Em adultos, ela se manifesta como uma ferida no pênis, na vagina ou na boca. Os sintomas podem desaparecer e voltar tempos depois de uma forma mais grave, causando problemas na artéria aorta e até distúrbios cerebrais.    

Nas gestantes

Quando acomete gestantes, a doença costuma causar danos graves se for transmitida ao bebê: ele pode ter desde malformações até problemas neurológicos graves, que podem se manifestar até mesmo depois do nascimento. Uma cartilha informativa do Ministério da Saúde sobre a sífilis congênita diz que 40% das crianças infectadas a partir de mães não-tratadas não sobrevivem. 

Com informações do jornal Notisul