Na segunda (9), governo anunciou uso de apps em iniciativa contra a Aids
A empresa criadora do aplicativo de paquera Tinder afirmou nesta terça-feira (10) que vai apagar os perfis falsos criados pelo Ministério da Saúde para uma campanha de prevenção à Aids. Em comunicado enviado ao G1, Rosette Pambakian, executiva de comunicação corporativa do Tinder, disse que a campanha "não foi autorizada".
Após contato do G1, Pambakian publicou uma mensagem em seu perfil no Twitter e mencionou a conta do Ministério da Saúde na rede social: "Estamos apagando os perfis porque eles violam nossos termos de serviço. Vocês não estão autorizados a anunciar no Tinder", disse.
Procurado pelo G1, o Ministério da Saúde afirma que os perfis falsos estiveram ativos por 10 dias para produzir material para a campanha que está circulando nas redes sociais. A pasta diz que os perfis já haviam sido tirados do ar antes da apresentação da iniciativa, na segunda-feira (9).
O ministério também afirma que "os termos de uso do aplicativo Tinder se resumem a proibição de uso comercial" e que "a campanha teve uso institucional com o objetivo de informar sobre a importância da prevenção e do sexo seguro. Portanto, não há uso comercial e comprometimento das políticas de uso".
A empresa criadora do Hornet, aplicativo voltado ao público gay que, segundo o ministério, também foi usado na campanha, foi procurada pelo G1 para comentar o assunto, mas ainda não se pronunciou.
Na segunda (9), em entrevista coletiva no Rio de Janeiro com a presença do ministro da Saúde, Arthur Chioro, o ministério anunciou a criação de cinco perfis falsos nos apps Tinder e Hornet como parte de uma campanha para ajudar na prevenção à Aids neste carnaval. A estratégia seria alertar a população sobre a importância do sexo seguro.
Segundo o ministério, a ideia seria que os perfis falsos se identificassem como pessoas em busca de sexo sem camisinha. Durante conversas com usuários de verdade dos apps, no entanto, esses mesmos perfis divulgariam mensagens sobre a importância da prevenção à Aids e do uso de preservativo.
De acordo com pesquisa do ministério, 46% da população sexualmente ativa na região Sudeste do país não fez uso do preservativo em todas as relações sexuais com parceiros casuais no último ano.
"O que mais preocupa são os jovens de 15 a 24 anos que assumiram uma prática sexual desprotegida apesar de saber quais são os riscos. 94% sabem que para prevenir a Aids é preciso usar camisinha, mas 46% admitem fazer sexo sem preservativo com parceiro casual", afirmou o ministro Arthur Chioro na segunda (9), ressaltando que esses dados evidenciam a importância de adotar outras estratégias além do uso do preservativo.
A campanha conta com o apoio da cantora Preta Gil, que durante o evento no Rio enfatizou que a nova geração perdeu o hábito do uso da camisinha. "A juventude deixou de usar a camisinha, isso é muito assustador. A gente tem que voltar com essa campanha fortemente. Sou de uma geração que perdeu muitos ídolos e muitos amigos para a Aids", disse a cantora.
Para o ministro Chioro, o aplicativo é fundamental para atingir os jovens. "Precisamos atingir o público jovem, tanto o heterossexual como homossexual, e chegar numa linguagem direta, informativa e esclarecedora, que convoque os adolescentes e jovens a fazer sexo com segurança. Com respeito aos seus parceiros e, ao mesmo tempo, usando a camisinha", afirmou o ministro.
Atualmente, além dos postos que realizam o teste convencional de detecção de HIV, o ministério disponibiliza locais onde a população pode realizar um exame que analisa o fluido oral da gengiva e dá o resultado em 30 minutos.