Segurança

Suspeito de matar menino indígena diz à polícia que matou por ‘religião’

Jovem de 23 anos, preso desde o dia 1º, confessou crime na terça (12). Segundo delegado, rapaz alegou ter matado sob influência de 'espíritos'.

Foto: Gabriel Felipe/RBS TV

Foto: Gabriel Felipe/RBS TV

A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (13) que o suspeito de matar o menino indígena Vitor Pinto, de 2 anos, no dia 30 de dezembro, em Imbituba, no Sul catarinense, confessou o crime. O menino foi morto com um corte no pescoço em frente à rodoviária da cidade, no momento em que era alimentado pela mãe.

De acordo com o delegado Raphael Giordani, o jovem alegou ter matado a criança "por influências de uma religião". De acordo com a polícia, ao ser interrogado na terça-feira (12), o rapaz afirmou que "segundo promessas de espíritos, se ele matasse uma criança poderia alcançar seus anseios profissionais e se impor perante a sociedade".

A confissão, segundo a polícia, ocorreu durante o terceiro depoimento ao qual o suspeito foi submetido, desde que foi preso temporariamente, no dia 1º. O depoimento foi acompanhado por dois advogados, segundo a polícia. Nos interrogatórios anteriores, segundo o delegado, o jovem havia negado o crime.

Escolha da vítima

De acordo com o delegado, durante o interrogatório vídeos que mostram a ação foram apresentados ao suspeito, que assumiu ser ele a pessoa que aparece nas imagens.

Giordani afirmou que o suspeito negou ter escolhido a vítima pelo fato de ela ser indígena. “O suspeito disse que a matou porque criança é um ser sensível e a sociedade ficaria mais chocada e seria mais impactante", declarou o delegado Giordani. O rapaz disse que não estava "lúcido" quando matou, segundo a polícia.

A polícia afirmou que o inquérito na está na fase final e que o resultado deverá ser encaminhado nos "próximos dias" à Justiça. O suspeito segue preso na Prisional Avançada de Imbituba

'Compatível com estilete'

Apesar de o objeto cortante usado no crime não ter sido encontrado até esta segunda, as marcas na rodoviária também reiteram como o crime ocorreu. "O laudo constatou que foi praticado por uma arma cortante de lâmina lisa, compatível com o estilete que a mãe tinha nos falado", disse Giordani.

De acordo com  a perícia, no local do crime não foi encontrado nenhum indício material do suspeito, como fio de cabelo ou sangue. Entretanto, segundo o delegado, nos próximos dias deve ser concluído o laudo cadavérico da criança, que pode apresentar outras provas.

Suspeito se autoflagelou

Ainda de acordo Giordani, o suspeito praticou autoflagelação enquanto esteve preso na delegacia – o rapaz foi encaminhado depois à Unidade Prisional Avançada de Imbituba. "Ele ficou se beliscando, nas pernas e nos braços, e tentou ingerir a espuma da cama do local onde estava. Na unidade prisional onde está, agentes chegaram a dizer que ele continua se beliscando", diz Giordani.

Conforme o delegado, a investigação policial está focada em esclarecer a suspeita, a materialidade e a circustância do crime. "O incidente de sanidade mental pode ser pedido pelo judiciário, que solicita após o inquérito uma análise psicológica", disse o delegado.

Sem advogado

Até esta segunda (11), o suspeito não tinha advogado constituido, informou o delegado. Segundo ele, nesta parte do inquérito não é necessária a presença de um representante legal. O jovem de 23 anos tem recebido visitas de familiares na Unidade Prisional Avançada de Imbituba, onde está preso preventivamente.

Jovem foi reconhecido

O taxista que presenciou o assassinato da criança reconheceu na quinta (7) o suspeito preso como o autor do crime, informou ao G1 o delegado responsável pelo caso, Raphael Giordani. A Polícia Civil segue a investigação à procura de mais indícios, mas afirma não ter dúvidas sobre a autoria do crime, ocorrido no dia 30 no Sul do estado.

Além do taxista, a mãe do menino, Sonia da Silva, que estava com a criança no momento do assassinato, já havia reconhecido o suspeito, de 23 anos, como autor do crime.

O delegado também ouviu dois policiais militares que levaram o suspeito para a delegacia na madrugada de Réveillon. Segundo a Polícia Civil, os PMs relataram que "o jovem estava na praia falando para as pessoas que ele queria ser preso" e que havia inclusive ligado para a polícia. Segundo o delegado, o suspeito é ouvido confessando o crime em um arquivo de áudio.

O delegado afirmou que o jovem "é o único e principal suspeito". Preliminarmente, o rapaz deve ser indiciado por homicídio doloso qualificado.

Detalhes do boné

Segundo o delegado, as roupas que o assassino aparece usando em imagens de uma câmera de segurança no momento do crime e reconhecidas por testemunhas são idênticas às peças apreendidas na casa do suspeito: tênis, uma bermuda, uma camiseta cinza, um boné e uma mochila.

De acordo com Giordani, esses objetos foram reconhecidos por testemunhas e vistos em filmagens. As roupas possuem marcas, bordados e desenhos que auxiliaram a identificação. "A imagem do rosto dele às vezes não é muito clara, mas as vestes não tem como negar", afirmou o delegado.

O delegado diz que o boné tem um bordado na lateral bem nítido e a mesma aba vermelha que aparecem nas filmagens, assim como a marca do tênis.