Diagnóstico precoce é desafio para eliminação da doença
Balanço divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Ministério da Saúde mostra que, entre janeiro de 2019 e setembro de 2020, mais de 130 mil pessoas já se recuperaram da hepatite C com novos antivirais no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a pasta, nesse período, foram distribuídos 61.439 tratamentos para a doença. O total de pacientes que receberam o medicamento (130.969) representa 23% da meta pretendida para a eliminação da doença no país até 2030. Além disso, cerca de 40% dos tratamentos feitos com antivirais de ação direta (DAA) no Brasil ocorreram entre 2019 e 2020.
Para o ministério, o maior desafio no cumprimento das metas para a eliminação da hepatite C está no diagnóstico precoce da doença. Atualmente, cerca de 450 mil pessoas precisam ser diagnosticadas e tratadas no Brasil. Por não apresentar sintomas em sua fase inicial, o diagnóstico da hepatite C é mais complexo, principalmente em pessoas acima dos 40 anos de idade.
Quando os sintomas começam a aparecer, geralmente a doença já está em estágio mais avançado, ou seja, o paciente pode ter convivido com o vírus por décadas sem qualquer manifestação. O descobrimento tardio pode ser feito em virtude do aparecimento de fibrose hepática, cirrose e câncer hepático, que podem levar à morte.
Histórico
De 2000 a 2018, foram registrados 673.389 casos de hepatites ocasionadas pelos vírus A (25%), B (36,8%), C (37,6%) e D (0,6%). Quanto aos óbitos, no mesmo período, foram identificados no Brasil 74.864 mortes por causas básicas e associadas às hepatites virais. Destas, 1.189 (1,6%) foram associadas à hepatite viral A; 21,3% (15.912) à hepatite B; 76,02% (57.023) à hepatite C e 1,0% (740) à hepatite D.
Embora represente o maior número de mortes, a hepatite C vem apresentando queda no coeficiente de mortalidade e no número de óbitos desde 2015. Em 2014, foram registrados 2.087 óbitos relacionados a hepatite C, Já em 2018 foram 1.491 mortes, restando uma queda de 25% no número de óbitos por hepatite C, nesse período, o que pode guardar relação com o início da oferta de tratamentos que curam mais de 95% dos casos.
Teste rápido
Segundo o Ministério da Saúde, todas as pessoas com 40 anos ou mais precisam fazer o teste da hepatite C, pelo menos uma vez na vida. Pessoas com diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, doença renal crônica, com distúrbios psiquiátricos, submetidas a transplantes, que vivem com HIV, que fizeram transfusão de sangue antes de 1993, que passaram por procedimentos médicos ou estéticos (manicure, tatuagens) sem a observação dos parâmetros de segurança, detêm um fator de risco para infecção pela doença e também precisam fazer os testes, independentemente da idade.
O teste rápido é disponibilizado pelo SUS e pode ser solicitado por qualquer pessoa nas unidades básicas de saúde. O resultado sai em menos de 30 minutos. O ministério distribuiu aproximadamente 12,9 milhões de testes para hepatite C entre 2019 e maio de 2020.
A identificação de novos pacientes, atualmente, é a principal barreira para o alcance da eliminação da doença, como problema de saúde pública, até 2030.