Pelo menos duas pessoas entraram em contato com a delegacia de Forquilhinha relatando abuso.
O caso do padre P.B., 69 anos, que atuava na igreja Sagrado Coração de Jesus, em Forquilhinha, aponta avanços. Um deles é a mudança do delegado que preside o Inquérito Policial. Já outra, é que o número de denúncias de supostas vítimas vem aumentando na delegacia do município. Somente ontem, duas pessoas, de outras cidades do Estado, entraram em contato com o distrito policial para relatar os abusos.
Carlos Emílio da Silva retorna as atividades em Forquilhinha, e conseqüentemente é o responsável pelos casos policiais. O do frei é um deles. O delegado Leandro da Rocha Loreto, que iniciou as investigações, retorna a 1ª Delegacia de Polícia de Criciúma. Da Silva desistiu da candidatura a vereador, motivo este, da transferência de Loreto para o município vizinho. O Inquérito Policial tem dez dias para ser concluído, já que a prisão preventiva do padre vale por este período.
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De acordo com Da Silva a atuação da mídia na divulgação do caso pode servir para o surgimento de mais vítimas. “As supostas vítimas que entrarem em contato relataram o mesmo modo em que o padre atuava. Há casos de mais de 24 anos, como contou um homem que atualmente tem idade superior a 40. As idades são distintas. Um das vítimas, que já foi ouvida, tem 17 anos. Todos do sexo masculino. Fiquei a par do Inquérito somente ontem, e não tenho muito o que divulgar. Também tem que ter cautela com alguns tipos de informações, já que o caso corre em segredo de Justiça e também para preservar as vítimas”, explica a autoridade policial.
De acordo com a autoridade policial, pode haver, inclusive, vítimas de outros estados. “Ele já trabalhou em São Paulo, o que não está descartado que possam ter ocorrido estes casos também por lá”, diz.
Sete confirmaram
Leandro Loreto da Rocha esteve investigando os crimes sexuais desde o final de junho. Pelo menos sete vítimas confirmaram o abuso sexual, praticados dentro da igreja. Todas prestaram depoimento informando o tipo de abordagem do padre e relação sexual semelhantes. “Não havia penetração. Mesmo assim, a lei considera crime sexual praticado contra menores de 18 anos, o chamado estupro de vulnerável, independente se houve a conjunção carnal”, reforça Da Silva. A pena para quem cometeu este tipo de crime é de oito a 15 anos de reclusão.
P. segue recluso no Presídio Santa Augusta, em Criciúma. Segundo o gerente da unidade prisional, Jovino Zanelato, ele está em um alojamento, desde a noite de domingo, afastado dos demais. “É uma pessoa bem tranquila e estamos zelando pela integridade física dele, assim como é tratada toda massa carcerária. Em dez anos de sistema prisional nunca vi um padre ser preso”, recorda Zanelato. Ele foi preso na tarde da última sexta-feira. A igreja e a residência dele foram alvos de busca e apreensão. No mesmo dia da prisão P. completou 44 anos de serviços dedicados à Igreja.