O levantamento mostra que o suicídio é maior entre os homens
O Estado de Santa Catarina registrou no mês de janeiro 28 suicídios, o que representa quase um suicídio por dia. O levantamento foi feito pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) e aponta um aumento de 18,17% no número de suicídios por ano nos últimos cinco anos.
Segundo o médico João Paulo Silveira, que atualmente trabalha no setor de saúde mental na Diretoria de Atenção Primária da Secretaria de Estado da Saúde, esse aumento no número de suicídios nos últimos cinco anos pode estar relacionado, dentre outros fatores, à crise de saúde pública que o país sofreu neste período.
— Houve uma situação de saúde pública que afetou a todos [pandemia]. Então diante da dificuldade de acessar os serviços de saúde disponíveis, a gente não conseguiu conter essas taxas de suicídio, não consiga dar atenção suficiente para a pessoa que procuraria uma unidade básica de saúde porque está em sofrimento.
A crise da pandemia de Covid-19 afetou o Estado economicamente, o que dificultou o acesso dos municípios catarinenses aos serviços básicos de saúde mental. O especialista explica:
— As equipes de atenção primária têm muitas pessoas vinculadas a elas. Essa equipe pode ter duas mil pessoas sob seus cuidados o que é um número adequado. Ou elas podem ter quatro mil pessoas que já é um número que a equipe não consegue atender, mesmo que tenham os melhores profissionais.
Segundo João Paulo Silveira, existem em Santa Catarina equipes com cerca de oito mil pessoas vinculadas. O que que significa na prática uma unidade básica de saúde sobrecarregada em que as pessoas vão ter uma dificuldade sempre de conseguir acesso aos especialistas de saúde mental.
O suicídio é maior entre os homens
O levantamento divulgado pela Dive mostra que o suicídio é maior entre os homens. Em 2023, o total de suicídios de mulheres em Santa Catarina foi de 218, enquanto o total dos homens foi de 725.
Para João Paulo, um dos fatores relacionados à esta alta taxa entre os homens, é a questão econômica.
— Os homens quando sentem a necessidade de serem os provedores da família, e quando há dificuldades em pagar as contas, se frustram.
O médico cita ainda outras causas:
— Esse é um tema multifatorial, envolve outras questões. Por exemplo, os homens culturalmente buscam menos serviços de saúde, pedem menos ajuda do que as mulheres. No Brasil é muito comum a cultura do papel do homem forte, que não chora, quando na verdade ele é um ser humano como qualquer outro. E estar em sofrimento sem ter uma rede de apoio familiar e sem acessar serviços de saúde, podem tornar o suicídio efetivo.
Caso precise de apoio busque um profissional de saúde, informe sua rede de apoio e se precisar, ligue 188 para o Centro de Valorização da Vida (CVV).
Com informações do NSC Total