Envolvidos com a sucessão de tragédias, roubos, corrupção, pouco ou quase nada se fala da precariedade dos serviços básicos para a sociedade, mas em especial da educação, a única certeza de transformação do mundo. É preciso que se tome conhecimento sobre a verdade dos dados que as mídias não deixam chegar à sociedade, atendendo interesses político-partidários. Refiro-me a uma leitura que fiz há pouco sobre o Censo Escolar 2014, cujos resultados são assustadores quando se fala de estrutura básica necessária para que haja qualidade de ensino.
A escola é o lugar onde crianças, adolescentes, jovens e educadores passam grande parte de suas vidas, devendo para isso ser equipada adequadamente para um convívio agradável que resultará numa aprendizagem significativa. Um bom professor com formação adequada, motivado, bem renumerado, respeitado e valorizado, sob o comando de gestores eficientes, num ambiente com estrutura física adequada, equipamentos, laboratórios, serviços de saneamento básico, são requisitos indispensáveis para o sucesso de uma instituição de ensino. No entanto, os dados do último censo escolar apontam para uma realidade muito aquém da ideal, mas, atendendo interesses, as mídias não trazem a público tais informações. No Brasil temos hoje, aproximadamente 190.000 escolas, das quais 80% são públicas, a maioria convivendo com a precariedade dos recursos básicos necessários para dar ao ser humano uma vida digna. Quando falamos em necessidades básicas referimo-nos ao mínimo necessário para criar condições de aprendizagem, tais como: laboratórios, biblioteca, acessibilidade, rede de esgoto, coleta de lixo, água, energia, tecnologia da informação, dentre outros.
Pesquisas hoje nos mostram um quadro bastante preocupante que nos dá a certeza de que estamos muito distantes de realizar o sonho de transformar o país pelo único caminho possível: a educação. Os números nos dão conta que: 90 % de nossas escolas não possuem laboratórios de estudo; 76% não dispõe de acessibilidade; 64 % sem bibliotecas; 53 % não tem rede de esgoto; 25% não tem coleta de lixo; 33% sem rede de água. Juntam-se a esses percentuais a má conservação dos prédios, a falta de manutenção e reposição de materiais, equipamentos ultrapassados, inadequados para o uso. Ressalte-se aqui também a má qualidade na gestão de muitas escolas pela incompetência e irresponsabilidade de seus dirigentes, professores despreparados, a indisciplina dos alunos, o desvio do dinheiro público destinado à educação, a inversão de valores da atual sociedade. O que fazer então? Seguir o fluxo e deixar tudo como está? Ou começar despertar consciências para a mudança?
Acredito que em nenhum outro momento da história de nosso país as palavras do grande Rui Barbosa foram tão cabíveis como no que vivemos agora: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”