Obra conta com a participação do músico Chico César no elenco
O casal de cineastas Cláudia Cárdenas e Rafael Schlichting resolveu sair de Florianópolis e passear na Serra Catarinense. Foi a Urubici, onde conversou com moradores e apreciou a natureza. Ouviu relatos interessantes, sentiu boas energias e decidiu: aquilo renderia um filme.
O Anjo da História foi inspirado nos depoimentos de pessoas que, às vésperas do ano 2000, decidiram se mudar para a região serrana para fugir de uma eventual inundação que poderia resultar no fim do mundo.
Baseada nesse mote, Cláudia imaginou como seria o choque cultural de um nordestino ao chegar a uma terra colonizada por europeus. Tradições, geografia e natureza completamente diferentes, com cânions, montanhas, muito verde e água – realidade oposta a do Nordeste.
Foi aí que surgiram o caixeiro viajante Akfak, interpretado pelo cineasta baiano Edgard Navarro, e seu auxiliar Samsa, vivido pelo músico e compositor paraibano Chico César. Na trama, Akfak tem visões do fim dos tempos ao chegar a Urubici, tamanho o contraste do lugar com sua terra natal, e começa a comprar câmeras e filmes antigos para registrar o que acredita serem os últimos momentos.
– O povo local acha que ele é um cineasta que vai divulgar a cidade e inclusive o ajuda nas gravações, mas na verdade ele está delirando – explica Cláudia, roteirista do filme.
Apoio público-privado fez curta virar longa
Numa mistura de realidade e ficção, a história conta com 10 moradores atuando como atores, cenas urbanas e rurais da região. E uma das principais propostas, diz a diretora de produção Paloma Brum, é justamente valorizar e mostrar o quanto a Serra Catarinense ainda é desconhecida e pode ser explorada econômica e culturalmente:
– Podemos ampliar a visibilidade ao mostrar as belezas naturais, a cultura e a economia. Isso alavanca o potencial turístico e estimula os investimentos. Eu não conhecia esse lugar e fiquei encantada. Agora quero voltar como turista.
As gravações de O Anjo da História começaram no início do mês com imagens da Serra do Rio do Rastro, em Lauro Müller, e seguem até o dia 20 em Urubici.
O projeto foi contemplado com R$ 120 mil na edição 2012/2013 do prêmio de curta-metragem do edital da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Porém, devido à receptividade dos municípios envolvidos e com apoio público e privado, foi transformado em um longa. A pré-estreia está marcada para março de 2015 com exibições em Urubici e Florianópolis.
Em seguida o filme segue para festivais no Brasil e no exterior durante um ano e entra em negociação com canais educativos e institucionais como TV Cultura e Canal Curta!