Dirigentes da Unisul – tanto da fundação quanto da universidade, tentam encontrar alternativas para solucionar a crise financeira pela qual a instituição atravessa, inclusive em busca de parcerias para uma gestão compartilhada. A afirmação vem através de uma carta enviada pelo reitor da Unisul, Mauri Luiz Heerdt, aos colaboradores da instituição.
Na carta, o reitor diz que é obrigação encontrar alternativas. “Não buscá-las significaria deixar ao acaso nosso bem mais precioso: as pessoas. Evidentemente, há infinitas possibilidades e formatos de parcerias. Temos várias em andamento, como o Centro de Serviços Compartilhados da Acafe e com dezenas de organizações para produtos e serviços diversos. Outras estão em curso e isso não nos deve assustar, pelo contrário, somente na semana passada estivemos reunidos com seis organizações diferentes para finalidades distintas”, diz.
O reitor afirma, no entanto, que nenhuma parceria foi firmada e a tese de que a Unisul seria vendida não passa de boato. “A Unisul não será vendida – inclusive porque nem é possível -, e nenhum grupo ainda foi escolhido. Estamos ainda em fase de diálogos”, afirma.
“Confesso, também, que não é um trabalho fácil porque nós temos um DNA que precisa ser respeitado, vivemos uma situação financeira difícil, temos uma natureza jurídica complexa, ausência de garantias reais, passivos jurídicos consideráveis, entre outras características peculiares”, completa Mauri Heerdt.
As receitas financeiras da Unisul precisam ser entendidas, segundo o reitor. “É verdade que as receitas são superiores a R$ 30 milhões mensais, mas é preciso destacar que grande parte desse valor são bolsas de estudo, encargos sociais etc. Não esqueçamos que somos uma entidade filantrópica e aderimos aos Proies, que têm seus fundamentos baseados em bolsas de estudo”.
“Nossa receita financeira, proveniente da mensalidade dos estudantes, nos últimos meses, foi exatamente de R$ 15.674.591,00 em abril e 16.866.697,00 em março. Ao considerarmos que somente a nossa folha bruta é de mais de R$ 13 milhões, esses recursos certamente não são suficientes para honrar a folha e outras despesas necessárias para manter nossa operação, incluindo passivos jurídicos, pagamento de empréstimos, energia elétrica, planos de saúde e muitos outros”, pondera.
“É preciso se readequar”, diz o reitor
O reitor da Unisul, Mauri Luiz Heerdt, diz em sua carta aberta aos colaboradores que, além de todas as questões vivenciadas pela universidade, ainda existe um paradoxo: “Nosso maior programa social de inclusão é também um dos grandes desafios de gestão. Incluímos socialmente milhares de estudantes por meio de diversos programas (federais, estaduais e institucionais), mas isso exige pessoas, estruturas, processos, ambientes e tecnologia, para que possamos manter a qualidade que é marca da nossa instituição”, pontua.
“Equilibrar sustentabilidade financeira e compromisso comunitário pela inclusão social é missão complexa. Nossos recursos provêm das mensalidades dos estudantes. Em 2015, tínhamos 21.137 estudantes pagantes na graduação, hoje temos 16.479 pagantes. Os demais são bolsistas”, revela.
Medidas de economia foram adotadas. “Assim que assumimos, em 2017, iniciamos um conjunto estruturado e sistêmico de medidas de economicidade e de produção, com vistas ao equacionamento do fluxo de caixa da universidade. As medidas de economicidade permitiram uma redução aproximada de R$ 1 milhão mensal em gastos com pessoal e mais R$ 1,8 milhão mensal em gastos operacionais. Anualmente, isso representa mais de R$ 33 milhões em economia. Tanto as medidas de economicidade quanto as de produção são realizadas e monitoradas constantemente”.
O reitor ainda destaca que todos estes fatores obrigarão a Unisul e o próprio modelo comunitário a se reinventarem. “Ninguém sobreviverá somente de boas intenções e memórias de sucesso. Perenizar a Unisul não significa apenas colocar as contas em dia hoje; significa também abrirmos os nossos horizontes para essa nova dinâmica e para esse novo palco em que não há lugar para amadorismo ou testes de acerto e erro”, afirma.
Mauri Heerdt diz ainda que muitas pessoas expressam seus medos e angústias em relação aos empregos por conta de parcerias que podem ser firmadas. “Eu diria o contrário: nossa maior ameaça ao emprego está exatamente no fato de não querermos ver a realidade como ela é e de não buscarmos soluções novas para hoje e amanhã num cenário em que a colaboração entre instituições é a regra”, ressalta.
Com informações do Jornal Diário do Sul