Bacias do Sul são as que estão em situação mais crítica no Estado. Projetos são colocados em prática, mas necessitam de mais profissionais e estrutura para atingirem um número maior de resultados.
A poluição dos rios é uma realidade em todo o país. Na Região Carbonífera, a degradação se acentua, principalmente, devido à extração do carvão, atividade econômica que trouxe impactos irreversíveis ao meio ambiente. As bacias que estão em situação mais crítica no Sul são a de Urussanga, Tubarão e Araranguá, consideradas as mais afetadas em Santa Catarina. Atualmente, projetos visam a diminuição dos problemas, entretanto, a recuperação total ainda está longe da realidade.
“As bacias dos rios Tubarão, Araranguá e Urussanga continuam muito degradadas, inclusive, são as piores do Estado. O levantamento feito a partir do estudo dessas bacias hidrográficas demonstrou que essas estão mais degradadas, tanto do ponto de vista do desgaste hídrico como da quantidade e qualidade da água”, explica o professor e doutor da Universidade do Extremo Sul Catarinense e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Valores Humanos da Unesc, Carlyle Torres Bezerra de Menezes.
Situação na região é grave
Na região Sul, os danos são imensos quanto ao recurso hídrico. “A gente tem um passivo ainda muito grande, temos rios extremamente poluídos, com PH, ácido sulfúrico, mas, mesmo que vários projetos tenham sido concluídos, não tem se refletido na melhora substancial das bacias hidrográficas, estamos apontando o caminho, mas ainda é insuficiente diante da gravidade da degradação”, enfatiza De Menezes.
A Unesc atua efetivamente através de projetos ambientais indispensáveis para melhora do cenário na região. “Não temos todos os projetos totalmente concluídos, então falta muito ainda para recuperar”, pontua o professor. “A bacia de Urussanga, apesar de em proporção ser menor, ela tem um passivo muito grande, porque pouquíssimos projetos foram desenvolvidos lá. Além disso, tem as áreas que são das empresas e da União”, acrescenta.
Incentivo ao meio ambiente
Uma Ação Civil Pública de 1993 e transitada em julgamento em 2000 obrigou as empresas de mineração de carvão da região Sul a repararem os danos causados, bem como a recuperarem as áreas danificadas, com a apresentação de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs). A medida passou a contribuir efetivamente com o meio ambiente, mas, ainda assim, inúmeros impactos ainda são sentidos.
“Infelizmente há 50, 60 anos atrás não aconteciam (medidas). Mas a legislação foi aperfeiçoada, exigindo que aquele que degradasse, reparasse o dano. A obrigatoriedade do PRADs fez com que as empresas começassem a apresentar o documento antes de abrir qualquer atividade”, explica o professor.
As políticas ambientais têm grande peso na situação em que os impactos causaram à natureza. Embora a legislação tenha contribuído e inibido piores devastações, ainda assim, os reflexos são negativos. “Antigamente, infelizmente, não tinha esse cuidado, gerou esse passivo, alguns empresas faliram e outras continuaram com as atividades, mas sabendo que precisam recuperar todos os passivos e deixar mais próximo do que era antes”, explica De Menezes.
Recuperação é real
Para o professor e especialista na área, a recuperação dos rios não deixa de ser uma realidade na região. “É possível, mas exige investimentos. As próprias empresas que degradaram, elas têm que assumir a responsabilidade de recuperar. Esses projetos, quando eles foram iniciados, inclusive, têm acompanhamento e execução do trabalho de um grupo do Ministério Público Federal, que assessora no cumprimento da sentença judicial que condenou as empresas”, ressalta. “Além disso, exige a melhoria e aperfeiçoamento da tecnologia, porque o que se tem hoje é uma readequação”, comenta De Menezes.
Com informações do site TNSul