Segurança

Preso mendigo que assassinou dona de floricultura em Criciúma

Lucas Adams Torres, 31 anos, confessou o crime, além de ter afirmado a autoria de um latrocínio no RS

"Matei porque ela não queria me dar dinheiro". Foi com esta justificativa que o autor de um dos crimes mais bárbaros registrados nos últimos anos na região justificou o latrocínio. A liberdade de Lucas Adams Torres, de 31 anos, autor confesso dos golpes de machadinha que vitimaram a empresária do ramo de floricultura, Iva Justino Marcolino, 71 anos, durou seis dias. Ele está na Galeria E do Presídio Santa Augusta, onde divide a cela com mais cinco reclusos.

Segundo matéria do Clicatribuna, o homem, que já estava foragido do Rio Grande do Sul pelo mesmo crime, foi recapturado pela Polícia Militar nesta quarta-feira, por volta das 15h, vagando pela BR-101, em Sangão, região de Jaguaruna.

Os militares o conhecerem devido à foto que circulava no meio policial, na imprensa e nas redes sociais. O destino dele, segundo o delegado responsável pelas investigações, Vitor Bianco Júnior, seria Torres (RS), mesmo local onde ele teria matado um homem após roubá-lo em 6 de janeiro deste ano. Ele chegou à sede da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Criciúma às 15h50min.

Recebido com revolta

Familiares souberam da prisão de Torres por meio da reportagem A Tribuna. Prontamente eles compareceram à DIC. "O sentimento é de revolta, mas não se pode fazer justiça com as próprias mãos. A prisão dele não a traz de volta, mas estou aliviado. O que ele fez foi uma covardia. Matar uma senhora indefesa que estendeu a mão, que dedicou a vida a auxiliar pessoas como ele", desabafa o filho da vítima, o pastor Fernando Machado, de 35 anos.

Machado concedia entrevista com serenidade até a chegada da viatura com o latrocida. A indignação tomou conta de Machado, um dos três filhos de Iva. Palavras de repulsa e de lamentações foram proferidas ao criminoso, que estava dentro do veículo policial. O pastor não se conteve e, assim como o primo e outros dois colegas inconformados, foi às lágrimas na delegacia. Eles foram embora logo após a chegada de Torres.

Divulgação da foto ajudou, segundo o filho da vítima

Para Machado, a divulgação da foto do acusado, primeiramente nas redes sociais e depois na imprensa, foi primordial para recaptura do mendigo. "Acredito que, se tivesse sido divulgada antes, a prisão já teria ocorrido. A foto dele foi eu mesmo que havia tirado no passado para ajudá-lo a arranjar um trabalho em uma transportadora. Fica o alerta para os responsáveis em analisar se o contratado possui antecedentes criminais. No caso dele, não foi verificado, pois já estava foragido de outra situação. E isso que ele tinha todos os documentos", aconselha o pastor.

Conforme ele, Torres estava há cerca de 15 dias recebendo auxílio da vítima. "Ele foi trabalhar por uns cinco dias, depois não compareceu mais. Ficou doente por conta de uma pontada. Foram gastos ainda R$ 100 com medicação. Depois disso, o comportamento dele começou a ficar mais estranho, frio. Ele ainda começou a mentir e não aparecia mais nos horários em que geralmente ia lanchar e tomar banho", lembra Machado.

Frieza durante o depoimento

De acordo com o delegado, Torres confessou os dois crimes quando foi detido em Sangão, não mostrou nenhum tipo de arrependimento no depoimento, mas sim frieza. "Ele alegou ter matado Iva porque ela não queria dar o dinheiro que estava na bolsa dela para ele. Primeiro ele deu socos que atingiram o olho esquerdo da vítima e, com ela no chão, pegou a machadinha que estava no imóvel e desferiu os golpes com ela deitada", relata, acrescentando que o acusado também confessou estar sob efeito de crack quando cometeu o latrocínio.

Ele fugiu do local do crime levando todo dinheiro do caixa e da bolsa dela, totalizando aproximadamente R$ 300. "O acusado pegou um táxi na Avenida Centenário e foi até Lauro Müller e depois Orleans. De sábado a segunda, passou por Braço do Norte e foi visto também em Sangão. Na segunda-feira, ele já havia gastado todo o dinheiro levado do latrocínio com crack. Depois seguiu até Tubarão e de lá ia retornar para o estado gaúcho. Ele parou em um posto de combustíveis às margens da BR-101 em Sangão", detalha a autoridade policial.

Um molho de chave e o celular da vítima foram apreendidos com os pertences dele. Apresentado à imprensa, ele não quis se pronunciar. Indagado se tinha assassinado Iva, ele afirmou que sim com a cabeça. Não se intimidou com a presença dos repórteres, fotógrafos e cinegrafista na sala da DIC, onde ficou todo o momento de cabeça erguida.

Acusado negou agredir vítima

No depoimento, que durou pouco mais de 40 minutos, o mendigo negou ter agredido Iva com socos. Revelou apenas os golpes de machadinha. Disse ainda ter golpeado um homem em Torres (RS) com o peso de uma balança, mas que não sabia que ele tinha morrido. Bianco Júnior considerou o desfecho rápido, pelo menos na esfera policial, do primeiro latrocínio deste ano em Criciúma.

"Com as mudanças nas outras delegacias, a DIC pode, então, passar a atuar somente nesses casos mais graves, dando uma resposta rápida. É esse o nosso objetivo". Desde o início do mês, a 1ª Delegacia de Polícia e a 2ª Delegacia de Polícia passaram a contar com equipe de investigação, aliviando a alta demanda da DIC.

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