A Administração Municipal de Morro Grande convocou lideranças políticas e entidades ligadas à avicultura para discutir uma forma de intervenção na unidade da JBS, na manhã desta terça-feira (3), a partir das 9h, no auditório da sede do Executivo. Segundo o prefeito, Valdo Rocha, a empresa estaria impondo uma série de dificuldades nas negociações de venda da estrutura para outros grupos interessados.
Foram convidados os representantes dos municípios do Extremo Sul – AMESC e Região Carbonífera – AMREC, além do Sindicato dos Trabalhadores na Indústrias da Alimentação de Criciúma e Região – Sintiacr e Associação dos Avicultores do Sul Catarinense – Avisul.
“Vamos discutir uma intervenção para trancar a unidade, impedido os abates e produção de ração”, resume o chefe do Executivo. “Eles (JBS) estão blefando. Falam que querem vender, mas quando vão se reunir com os interessados falam coisas absurdas, ficam enrolando. Eles não querem repassar a unidade para não ficarem com uma concorrência direta na região”, complementa Rocha.
A reunião extraordinária foi convocada após um encontro entre a Administração Municipal e a empresa que está mediando as tratativas entre a JBS e os grupos interessados em assumir a planta de produção, na manhã de ontem. Mais informações serão repassadas amanhã, em entrevista coletiva após o encontro.
Grupo garantiu interesse em negociar estrutura
Por meio de nota, a JBS anunciou no fim de agosto que manteria as atividades na planta de Morro Grande até o dia 31 de outubro. A empresa ainda possui unidades em Forquilhinha e Nova Veneza que, segundo a direção da empresa, continuarão operando normalmente.
Desde o anúncio, o Executivo de Morro Grande mobilizou diversas lideranças políticas, sociais e empresariais para que outra empresa do ramo alimentício assumisse a estrutura. A Aurora Alimentos, sediada no Oeste de Santa Catarina, descartou interesse em gerir o espaço. A BRF, detentora das marcas Sadia, Perdigão, Qualy, Paty, Dánica e Bocatti, entre outras, afirmou através de nota que não comenta sobre especulações de mercado.
Uma série de reuniões em Morro Grande, Florianópolis, São Paulo e Brasília foi realizada para encaminhar a transferência. No último dia 13, o diretor-financeiro da JBS, Ivo Dhreer, esteve na região e garantiu o interesse da empresa em repassar a unidade para outro gestor. A situação também foi discutida com técnicos do Ministério da Agriculta, Pecuária e Abastecimento, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém parte das ações da JBS.
R$ 430 milhões em prejuízos para a AMESC
Em um levantamento inicial, o Executivo de Morro Grande apontou que a saída da empresa refletirá na queda de R$ 200 mil ao mês na arrecadação municipal. Somente a JBS era responsável por 60% da arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS do município. Para a AMESC, o prejuízo é estimado em R$ 430 milhões em um ano.
A unidade de Morro Grande possui 740 funcionários ativos. À época do anuncio do encerramento das atividades, a JBS pontuou que parte do efetivo seria realocado para as filiais de Nova Veneza e Forquilhinha. Mesmo assim Sintiacr estima que 550 trabalhadores ficariam desempregados. A Avisul também chamou a atenção do impacto do fechamento aos produtores. Segundo a entidade, 130 avicultores seriam diretamente prejudicados pela medida.
Com informações de Gabriel Bosa / Clicatribuna