Motivo é a baixa produtividade do milho no Estado, que precisará comprar o grão em outras regiões.
A estiagem que desde novembro atinge o Oeste Catarinense deve provocar uma alta de 8% no preço da carne de frango. O cálculo é do presidente da Associação Catarinense de Avicultura, Cléver Ávila, com base na estimativa da alta dos custos.
O motivo é o aumento do déficit de milho no Estado. Normalmente, Santa Catarina já importa cerca de dois milhões de toneladas do cereal. Neste ano, esse déficit deve aumentar em pelo menos 500 mil. O produto terá que vir de outras regiões e até de outros países, como o Paraguai. “O custo do transporte será repassado para o produto final”, diz Ávila.
Para o presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola SC (Cidasc), Enori Barbieri, a falta de milho é agravada pela seca no RS, que também terá que buscar a matéria-prima em outras regiões. Com isso, o preço da saca de 60 quilos, que deveria estar entre R$ 22 e R$ 24, está em torno de R$ 30.
Ele informa que o governo federal acenou com a possibilidade de disponibilizar milho com preços mais acessíveis ao produtor. Mas para o presidente da Cidasc, os governos de SC e do RS precisam desenvolver programas de incentivo à produção de milho para não perderem competitividade de suas agroindústrias.
Atualmente, SC tem um programa denominado Troca-Troca, em que o agricultor pega sementes e calcário e paga no ano seguinte, convertendo as dívidas em sacas do produto. Só que isso já não tem sido suficiente para estimular o produtor.
A falta de milho também está tirando a competitividade de SC. Prova disso é que não estão previstos investimentos significativos em ampliação da produção de aves em SC, segundo Ávila. Ele destaca que já foram fechados frigoríficos no Estado, como a unidade da Seara em Jaraguá do Sul, e outros podem fechar as portas se não houver uma política de incentivo.
Para o presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, o preço da carne de frango já recuperou os patamares de final de ano, quando aumenta o consumo para o período de festas. Ele concorda que o aumento no preço do milho está pressionando os custos das agroindústrias. Mas acredita que, com a entrada da safrinha (segunda safra) dos estados do PR, MT e MS, em junho ou julho, o frango voltará a um preço normal.
Segundo Zefiro Giassi, presidente da rede de Supermercados Giassi, o aumento do milho ainda não repercutiu no preço do frango comercializado para o consumidor final, mas ele também acredita no repasse.
“ Existem caminhos para que não chegue a afetar o preço do frango, mas a tendência é de que seja repassado. Isso depende do planejamento interno das indústrias”, defende.
Num supermercado de Chapecó, cortes de frango em bandeja oscilam de R$ 6 a R$ 11. O consumidor Jair Girardi diz que gosta de comprar peito e coxa e já prevê que vai gastar mais para manter os pratos no cardápio.
Diário Catarinense