O Brasil registrou, até dezembro de 2023, um total de 261.653 pessoas em situação de rua. A maior concentração está na região Sudeste
Foto: Tiago Ghizoni, Arquivo NSC
Nos últimos dois anos, o número de pessoas em situação de rua em Santa Catarina quase dobrou, conforme aponta o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2023, o estado contabilizou 9.989 pessoas vivendo nessa condição, representando um aumento de 75,9% em relação a 2021, quando o número era de 5.678.
Comparação com outros estados
O Brasil registrou, até dezembro de 2023, um total de 261.653 pessoas em situação de rua. A maior concentração está na região Sudeste, com destaque para São Paulo (106.857), Rio de Janeiro (27.222) e Minas Gerais (26.470). Santa Catarina aparece na oitava posição, atrás de estados como Bahia (13.417), Paraná (13.151) e Rio Grande do Sul (11.647).
Motivos do aumento
O coordenador do Observatório, André Luiz Freitas Dias, destacou que a ampliação do Cadastro Único (CadÚnico) como principal registro pode ter influenciado no aumento dos números. Ele também aponta a carência de políticas públicas estruturantes, como habitação, emprego e educação, como fator significativo.
Perfil das pessoas em situação de rua em SC
O estudo traça o seguinte perfil para as pessoas em situação de rua no estado:
- Gênero: 8.918 são homens e 1.071 são mulheres.
- Raça: 6.136 são brancos, 3.756 negros, 51 indígenas e 38 amarelos.
- Faixa etária: 47,9% têm entre 18 e 39 anos; 45,2% entre 40 e 59 anos; 5,8% possuem 60 anos ou mais; e 1% tem entre 0 e 17 anos.
- Escolaridade: A maior parte possui ensino fundamental incompleto (4.227), seguido de ensino médio completo (2.028). Outros níveis incluem fundamental completo (1.589), médio incompleto (1.139), sem instrução (582) e superior incompleto ou mais (384).
- Deficiência: 1.351 pessoas possuem algum tipo de deficiência.
Principais municípios com população de rua em SC
Os dados também apontam as cidades com maior concentração de pessoas em situação de rua, incluindo Florianópolis, Joinville e Itajaí, entre outras.
Medidas do governo estadual
A Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família reconheceu os desafios e afirmou que está priorizando ações para atender essa população. Embora o governo não implemente diretamente políticas públicas específicas, realiza cofinanciamento para serviços como casas de passagem e Centros Pop. Além disso, aposta no Serviço de Abordagem Social, que visa construir vínculos com essas pessoas para integrá-las à rede de proteção social.
O governo também participa de um Grupo de Trabalho para desenvolver um Protocolo Estadual para Pessoa em Situação de Rua, que inclui medidas para inserção no mercado de trabalho.