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População de botos ainda é estável em Laguna

Foto: Elvis Palma/DS

Foto: Elvis Palma/DS

A divulgação de fotos e informações nas redes sociais sobre o aumento da morte de botos na região de Laguna tem chamado a atenção de órgãos ambientais. Para o pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc, Pedro Volkmer de Castilho, a população de animais tem se mantido estável. Mas ele alerta: o risco de desaparecimento existe. Definir regras claras para o Complexo Lagunar é fundamental e urgente.

De acordo com o professor Pedro Castilho, de 2013 para cá, sete botos foram encontrados mortos. Ele argumenta que o número por si só não é visto com preocupação porque a população de botos tem se mantido estável no local há pelo menos 20 anos. “A quantidade tem variado entre 49 e 53 botos, a partir das nossas estimativas, podendo ter flutuações ao longo do tempo”, afirma o pesquisador.

Pedro destaca que o que mais o preocupa é o número de botos chamados cooperados, aqueles que auxiliam os pescadores na pesca. “Dessa população total de em média 50 bichos, apenas metade é de cooperados, ou seja, botos que auxiliam os pescadores. Cada vez que morre um desses é um risco que a gente tem que considerar. Essa é a maior preocupação”, diz.

Dos últimos sete que morreram, pelo menos dois eram comprovadamente botos cooperados. O pesquisador também informa que não é possível dizer exatamente quais foram as causas das mortes de todos eles, apenas que o último encontrado morreu comprovadamente por causas naturais.

Os botos cooperados passam a sua habilidade para os filhos e assim a espécie tem se mantido no Complexo Lagunar, principalmente na Lagoa Santo Antônio dos Anjos, em Laguna. 

No entanto, o pesquisador Pedro Castilho se preocupa ao olhar para o futuro. “A possibilidade de desaparecimento desse tipo de boto existe, por se tratar de uma população pequena. Não acho que precisemos criar uma falsa expectativa de que vai acabar. Mas se não cuidarmos, vai acabar”, pontua.

O pesquisador aponta o planejamento de gestão do espaço como uma das principais medidas para a preservação da espécie. Este planejamento definiria regras claras sobre tipos de embarcação, locais de pesca, ruído de motores e outras questões que podem pôr em risco a sobrevivência dos animais.

“Esse planejamento é uma atribuição do município. Se ele não faz, é porque é omisso. O município deveria se preocupar mais com os atributos que são fatores de risco para os animais. De um momento para o outro eles podem perder o vínculo de afinidade com o ambiente”, diz Pedro Castilho.

Com informações do Jornal Diário do Sul