A cúpula da segurança pública catarinense apelou aos bancos para que retirem o dinheiro e façam a "blindagem" dos acessos aos estabelecimentos à noite.
Sem conseguir conter a onda de explosões a caixas eletrônicos em Santa Catarina, a cúpula da segurança pública catarinense apelou aos bancos para que retirem o dinheiro e façam a "blindagem" dos acessos aos estabelecimentos à noite.
Estes foram os principais pedidos das autoridades, numa reunião na tarde desta terça-feira com representantes dos bancos, na delegacia-geral da Polícia Civil, em Florianópolis. Desde o ano passado, o Estado registrou pelo menos 56 ataques a caixas eletrônicos com dinamites, a modalidade de crime que se espalhou de forma incontrolável em todas as regiões.
O delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D´Ávila, afirmou aos jornalistas que a intenção é que os bancos reduzam as facilitações aos criminosos. Para ele, retirar o dinheiro dos caixas eletrônicos entre meia-noite e 4h — o horário crítico de ataques — seria uma forma de diminuir de forma rápida a incidência dos crimes.
— Sugerimos a retirada de dinheiro dos caixas enquanto durarem as investigações. Embora esse tipo de crime venha acontecendo em todo o Brasil, a nossa preocupação é aqui — declarou Aldo.
Pressionado com a dimensão que a ação dos bandidos vem tomando, o delegado voltou a garantir que a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) está mobilizada para identificar e prender as "diversas" quadrilhas que estão agindo.
Mas, conforme o DC apurou, ainda seria reduzido o número de policiais da Deic envolvidos nessa investigação. Um dos motivos seria a falta de pessoal.
Representantes dos bancos evitam imprensa
A reunião entre polícia e bancos foi fechada e durou pouco mais de uma hora. Os jornalistas só tiveram acesso ao gabinete do delegado-geral ao final do encontro. E quando houve a permissão, não havia mais nenhum representante das instituições financeiras, que saíram antes da chegada dos repórteres.
Apenas dois bancos mandaram funcionários — Banco do Brasil e Bradesco. Pelo sindicato dos bancários de Florianópolis e região, compareceu o presidente Jacir Zimmer. Pelo Estado, estavam o secretário adjunto da Segurança Pública, coronel Fernando de Menezes, o delegado-geral, Aldo D'Ávila, o diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, Ilson Silva, e o diretor de Inteligência da Polícia Civil, Alexandre Kale.
O momento conturbado para a segurança ficou evidenciado nas palavras das autoridades durante as entrevistas, como "situação grave e de crise, quadro alarmante e ações emergenciais". Uma nova reunião será marcada para que as decisões sejam oficializadas.
Por telefone, o presidente do sindicato dos Bancários, Jacir Zimmer, afirmou ao DC que os bancos não estão cumprindo a lei estadual de 1997 que prevê mecanismos de segurança, como a porta giratória no acesso aos caixas eletrônicos. Para Zimmer, há condições legais de as instituições retirarem o dinheiro à noite dos equipamentos.
— Bastaria os carros-fortes recolherem os valores, principalmente nas cidades de pequeno porte ou em estabelecimentos isolados em BRs, por exemplo — disse Zimmer.
Diário Catarinense – Diogo Vargas