A história poderia ser parecida com tantas outras que narram a saga de descendentes dos colonos italianos que chegaram nesta terra sonhando com o paraíso de fartura e prosperidade anunciado no Velho Continente. Poderia, sim, não fosse o personagem principal desta jornada. Neto de italianos, Francisco Zomer sempre esteve em busca de algo grandioso e jamais se importou com os sacrifícios que estariam envolvidos na busca da realização de seus planos.
Como era muito comum à época, deixou cedo os bancos escolares a fim de ajudar seus pais no trabalho e, com o desejo secreto de arranjar algum dinheiro que fosse suficiente para abandonar os tamancos, já fora de moda, em troca de bons sapatos de couro. Assim, dá os primeiros passos de sua bem-sucedida trajetória profissional na empresa de Solphorino Zomer e Olívia Baggio, que administravam uma fábrica de colchões produzidos a partir da crina vegetal extraída das folhas de butiazeiro.
Neste ambiente, Francisco atua em diversos setores, desde a produção até a entrega. Trançando fibra, fabricando molejos ou empurrando o carrinho com pesadíssimos colchões até a estação de trem. O menino seguia firme e com gosto pelo trabalho, traço forte de sua herança genética italiana. Tão característica quanto a inclinação à labuta é a capacidade deste povo de perceber o ciclo de vida de um produto e saber quando é tempo de se lançar em outra direção, indiferente aos riscos que isso possa acarretar.
Ciente que o mercado de colchões se modificava a uma velocidade difícil de acompanhar, o corajoso Francisco decide ir em busca de novos horizontes e muda radicalmente seu foco: com o irmão, compra terras e vai para a roça. Lá, plantou cebolinhas que após terem um crescimento esplendoroso, murcharam pouco antes de serem colhidas; criou porcos; plantou acácia e até se arriscou a ter alguns bois que, para a sua surpresa, foram vitimados por um raio. Surpreso com tamanha afronta da natureza, o então aspirante a agricultor decide se despedir de sua investida rural e volta para a vida urbana com o pensamento fixo em encontrar alguma ideia que permita desenvolver um negócio lucrativo e perene.
A esta altura, o filho do senhor Solphorino via sua família crescer. Ao lado de Elzira, sua esposa e grande companheira, sentia a necessidade de investir em algo duradouro. Um novo produto que pudesse ser fabricado de forma extensiva e que tivesse uma boa aceitação no mercado e que, claro, garantisse o sustento de sua prole. Soube que na região de Joinville e Gaspar havia gente produzindo mangueiras em larga escala e que o negócio era bom. Não hesitou. Pegou seu carro e foi até estas cidades saber como era o funcionamento. Bom de conversa, chamou o funcionário responsável pela produção de Joinville e o persuadiu a deixá-lo ver como funcionava a tal máquina de mangueira. Saiu de lá convencido de que ali estava sua oportunidade de empreender de forma definitiva.
De volta a Orleans, Francisco decide investir suas economias em uma máquina para iniciar sua produção de mangueiras na região sul, carente deste tipo de produto. Mas, como sempre, não seria simples. Precisou ir até São Paulo para comprar o tal equipamento. Convicto de ter feito um bom investimento, entrega seu carro e uma quantia em dinheiro e volta para sua terra com a certeza de que o caminho certo tinha sido escolhido. Instala o aparelho e começam as tentativas – com muitos erros – de desenvolver um bom produto. Com a ajuda de um funcionário insone, trabalhava à noite, pois a energia elétrica que abastecia a cidade durante o dia não era suficiente para produzir os cem metros de mangueiras esperados.
A produção ia de vento em popa, a quantidade de mangueira fabricada era grande e se fazia necessário encontrar mais mercados para este produto que já havia conquistado clientes em toda a região. Foi neste momento que Francisco, herdeiro da astúcia e tino de seus pais, engenhosamente planeja um movimento maior e que beneficiaria toda a comunidade de Orleans: a criação de uma rede de água, até então extraída somente de poços. Há quem diga que este grande passo do empreendedor acabaria o levando até a prefeitura do município em pouco tempo.
Então, torna-se prefeito do município de Orleans de 1970 a 1974. Bem relacionado, trabalha arduamente para tornar sua cidade um local cada vez melhor para seus moradores. Enfrenta os anos de chumbo da ditadura militar e a grande enchente que assolou a localidade, mobilizando a comunidade para a reconstrução de tudo que a água levou. Neste ponto, por conta de todo o compromisso exigido no cargo público desempenhado, acaba por concentrar-se menos do que deveria em sua empresa, chegando a perceber que ela estaria com as contas em risco. Neste momento, descentraliza o capital, tornando-a uma sociedade anônima na qual fizeram parte João Zomer (in memorian) e Ascendino Zomer (in memorian). A partir de 1984, torna-se o nome que é conhecido até hoje: Plaszom Zomer Indústria de Plásticos Ltda.
Desta data em diante, muitas outras histórias viriam a acontecer, graças aos braços e mentes de pessoas que junto com Francisco Zomer construíram esta narrativa de sucesso. São cinco décadas de dedicação a oferecer produtos de qualidade e em constante aprimoramento, sempre valorizando, acima de tudo, o contingente humano que fez e segue fazendo esta caminhada possível.
Uma empresa tipicamente familiar, que hoje figura entre as mais conceituadas e respeitadas empresas de plásticos do Brasil. Já fazendo, inclusive, história em outros países. Nas matérias que serão publicadas ao longo desta cobertura especial, você poderá ter uma ideia de como a Plaszom chegou à conta de meio século de existência.
Com informações da Agência Nueva
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