A Associação de Moradores do Distrito de Guatá realizou, na noite dessa terça-feira (19), uma importante reunião nas dependências do salão de festas da localidade, reunindo representantes da comunidade local e autoridades do município. O objetivo foi tomar conhecimento a respeito do plano de trabalho para mineração de área no subsolo do distrito.
O engenheiro de minas, Marco Antonio Nunes, foi quem apresentou a intenção de trabalho da empresa. “Nós apresentamos o método de mineração com o minerador contínuo, que é o método mais seguro e que deverá ser utilizado nessa área de travessia urbana do Guatá. Explicamos para a comunidade como se dará a vistoria prévia das propriedades”, explicou.
“A reunião foi muito proveitosa, com discussões do entendimento do Plano Diretor do Município. Com relação à comunidade, a avaliação também é positiva, tendo em vista que, aparentemente, nossa mensagem sobre a necessidade que a empresa está tendo foi compreendida. O próximo passo é continuar com os estudos, seguindo o processo junto ao DNPM [Departamento Nacional de Produção Mineral]”.
O presidente da associação de moradores, Manoel Jades Izidório, o Maneca, também se disse satisfeito com o resultado do encontro. Na ocasião, todos os presentes concordaram em fazer o laudo de suas residências antes de a área ser minerada novamente. O objetivo é que, em caso de qualquer ocorrência, haja ressarcimento e indenização.
“Isso foi muito importante, pois é necessário que os moradores de cada residência tenham este laudo assinado por um engenheiro civil, para que, caso a mineração seja liberada e ocorra algum dano, eles possam reivindicar seus direitos”, avaliou. “A empresa nos convidou a participar desta reunião com o intuito de comunicar sobre o desejo deles de passar nas casas para fazer este laudo. Dessa forma, atingimos nosso objetivo de atender ao pedido da empresa, que não é relacionado à autorização de mineração, mas sim um dos passos do processo para a liberação da mineração no perímetro urbano do Guatá”, completou.
O prefeito Valdir Fontanella, também esteve presente e defendeu que o consenso deve ser buscado. “Hoje foi possível esclarecer essa questão da mineração com a sociedade envolvida. Acreditamos que temos que ver as opiniões e chegar em um consenso. Nós precisamos da mineração, mas também do apoio a comunidade e da preservação do patrimônio das pessoas que residem no distrito de Guatá. Como poder público, temos que ser os mediadores da situação. Com estes esclarecimentos, vamos ver se a comunidade concorda, temos o Plano Diretor para seguir, que foi escrito por várias pessoas há nove anos e meio. Temos que analisar tudo isso e seguir o que determina a legislação, que foi feita por mineradoras e pela comunidade lauromüllense”, ponderou.
Em relação ao fato de o município não possuir o Plano de Mineração, que é constado no Plano Diretor, o chefe do Poder Executivo garantiu que as medidas cabíveis serão tomadas. “Temos que averiguar tudo isso. Temos os técnicos que elaboraram o Plano Diretor. Quando esta equipe, esta empresa, foi contratada para fazer isso, deveria ter sido concluído. Como, segundo as colocações, está faltando essa parte, então iremos ver com os técnicos, iremos avaliar e ver com a sociedade o que será feito. Acredito que o entendimento é o melhor caminho”, frisou.
Representando o Poder Legislativo de Lauro Müller, participou o vereador Paulo César Freiberger, que, ao fazer uso da palavra, ressaltou a importância de ser seguido o que determina o Plano Diretor do Município, elaborado em 2008. “Cada um conseguiu expor a sua visão sobre a mineração no perímetro urbano do Guatá. Consegui apresentar meu ponto de vista, de que não pode ser feito isso. O pessoal da carbonífera, por sua vez, epos a visão da empresa no que diz respeito ao Plano Diretor. Eu acredito que devemos discutir isso com técnicos, com o Conselho da Cidade, com o prefeito e com os órgãos ambientais para chegarmos a um consenso e para avaliarmos todas as possíveis consequências”, defendeu.
O coronel Márcio José Cabral, ex-comandante da Polícia Militar, que atuou por 33 anos na carreira militar, e atualmente exerce a função de diretor executivo do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina – Siecesc, falou sobre a importância de estabelecer uma relação de confiança e de tomar as decisões baseadas em conhecimento científico.
“Na Polícia Militar, aprendi uma técnica de tiro em combate, onde o policial permanecia abaixado, recarregando a arma, enquanto outro permanecia de pé atirando, evitando que o criminoso atingisse os atingissem. Essa técnica não seria possível se não existisse entre os dois policiais uma relação de confiança muito forte. E isso também vale para a vida. Neste caso específico, onde há a vida profissional de mais de 700 trabalhadores, devemos prezar pela construção de uma relação de confiança”, contextuou.
Por isso, ele defende que o achismo deva ser deixado de lado. “Não podemos nos basear no que simplesmente achamos, mas sim, no que a ciência explica. E quem tem essas informações são os engenheiros de mina, civis, mecânicos e elétricos. Enfim, quem estudou para entender como funcionam os mecanismos de mineração do subsolo. Eu sou leigo, como muitos aqui, que têm a experiência prática da mineração de 20 ou 30 atrás, que, inclusive, era muito diferente da de hoje. Atualmente, contamos com muita tecnologia e ciência envolvida. Devemos confiar no conhecimento de quem se dedicou anos estudando e exercendo isso. E também nos que possuem conhecimento para analisar as possibilidades legais para esta situação, que são os advogados. O resto é achismo e só causará atrasos”, acrescentou.
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