Em reunião realizada na noite dessa terça-feira (20), ficou acordado entre os médicos obstetras, a Prefeitura de Orleans e a direção da Fundação Hospitalar Santa Otília – FHSO que a maternidade será mantida. “Existe um problema e estamos buscando resolver. Todos visam o mesmo objetivo, que é garantir que o cidadão orleanense nasça em Orleans”, pontou o diretor técnico da FHSO, médico Marcelo Cardoso.
Do encontro, também participaram todos os obstetras, o prefeito Jorge Koch, a secretária de Saúde, Luana Debiasi, o diretor-presidente e o diretor-administrativo da FHSO, Mário Salvador e Fidelis Eyng, respectivamente, e a vereadora Mirele Debiasi.
As conversas são realizadas com o intuito de que todas as partes envolvidas entrem em um acordo a respeito do valor pago para sobreaviso. Atualmente, apesar de o número de partos ser pequeno, é necessário que haja sobreaviso para que a maternidade funcione 24 horas por dia, sete dias por semana. Com isso, os profissionais recebem para ficar à disposição para que, quando acionados, se desloquem até o hospital para realizar os procedimentos.
Este valor é pago pela Prefeitura de Orleans, que repassa, ao mês, R$ 211 mil para a fundação hospitalar para cobrir sobreaviso, internação e plantão. “Para manter a maternidade em um hospital pequeno não é fácil, pois precisa de sobreaviso para obstetra, pediatra e anestesista. Ou seja, é necessário pagar toda esta estrutura mesmo não havendo parto”, explicou doutor Marcelo em entrevista à Rádio Guarujá. A média de partos realizados no último semestre em Orleans ficou em torno de oito por mês. Conforme o profissional, essa média já foi maior e vem caindo ao decorrer do tempo. Em 2018, até o dia 19 de fevereiro, apenas um parto foi realizado na FHSO.
Entretanto, o custo pago pelo sobreaviso, que já é considerado alto para os cofres públicos, está aquém. “Se pegar um hospital que funcione de forma adequada, ele teria que ter sobreaviso pagando um terço da hora plantão. Esse sobreaviso, para se ter uma ideia, ficaria em R$ 24 mil para obstetra, R$ 24 mil para pediatra e R$ 24 mil para anestesista. Isso é inviável, nenhuma Administração Municipal do porte da de Orleans teria condições de manter, e os médicos sabem disso”, explicou o diretor técnico.
Além disso, o valor repassado pelo SUS, de R$ 395, não é suficiente para cobrir o custo da cesárea. “Deste valor, a fundação hospitalar gasta R$ 380 com medicamentos, materiais e dieta da paciente. Aí não está incluído roupa de cama e funcionários, por exemplo, fora outros custos. Com isso, podemos observar que, com paciente entrando para fazer cesárea, o hospital já entra em prejuízo automaticamente”, apontou.
Por isso, é importante que haja a compreensão por parte da população. Doutor Marcelo explica que, pensando no coletivo, a busca pela solução está focada em um valor justo para o Município, mas que também não seja oneroso para os médicos. “Chegamos a cinco possíveis formas de acabar com o impasse. Vamos nos reunir novamente com os três obstetras na próxima segunda-feira, dia 26, e iremos discutir como chegaremos a um acordo em relação ao valor do sobreaviso. Enquanto isso, a maternidade estará funcionando”, garantiu.
O profissional destacou ainda que o hospital tem a obrigação de atender a todos os pacientes que chegam, independente de onde moram. Consequentemente, isso abrange municípios da região nos quais as Administrações Municipais não contribuem com repasse para FHSO. “Eu tiro o chapéu para o prefeito e vice, que mantêm fielmente os repasses ao hospital, que depende exclusivamente da Prefeitura de Orleans; e também para os gestores do hospital, pois é uma batalha constante e que, apesar disso tudo, ainda buscam recursos para ampliação da maternidade”, reconheceu.