Adolescentes de 11, 14 e 15 anos eram forçados a trabalhar até 14 horas por dia em carvoaria apenas com um intervalo para comer, segundo a polícia.
Um homem de 42 anos foi preso em flagrante na tarde desta sexta-feira (2) suspeito de submeter os três filhos, de 11, 14 e 15 anos, à condição análoga de escravidão numa carvoaria em Mafra, no Norte do estado. Os adolescentes chegavam a trabalhar por até 14 horas por dia, apenas com um intervalo para comer e contaram à polícia que eram agredidos e ameaçados pelo pai. Ele negou as acusações.
A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) chegou ao caso por meio de uma denúncia. As vítimas eram dois meninos e uma menina, a mais velha entre os irmãos. A carvoaria ficava na propriedade do pai, na localidade de Avencal de Cima, no interior de Mafra.
Na tarde desta sexta, os policiais foram ao local e encontraram o menino de 11 anos. Ele estava sujo de carvão e aparentava cansaço físico. “A criança tinha, ainda, as mãos calejadas e com queimaduras provenientes do trabalho na carvoaria. Indagamos sobre os fatos, sendo que respondeu que trabalhava no local”, disse o delegado responsável pelo caso, Cassiano Tiburski.
Trabalho escravo
As vítimas contaram ao delegado que juntavam madeira, a lenha usada para fazer carvão. Depois, colocavam dentro do forno e acendiam o fogo. Após o carvão queimar, tinham que tirar do forno e levar em um depósito. “Isso gera muita fuligem, poeira tóxica. E não usavam equipamentos de proteção individual”, disse Tiburski.
O menino encontrado na carvoaria estava de chinelo. Ele contou à polícia que o pai o ameaçava e agredia. “O menino revelou que se ele não fosse trabalhar, o pai brigava, batia nele e nos outros dois irmãos de 14 e 15 anos, que também exerciam a função exaustiva no local”, contou o delegado.
O delegado contou que, enquanto os policiais civis conversavam com o menino, o pai chegou ao local. “Neste momento, a vítima, imediatamente, calou-se por medo de sofrer agressões”, relatou Tiburski.
Na carvoaria, os policiais encontraram fornos e o depósito para estocagem, próximas à casa da família. As vítimas receberam atendimento do psicólogo policial da delegacia de Mafra, para o qual foram dadas informações que confirmaram que os três menores eram explorados ilegalmente, informou a Polícia Civil.
Prisão
O pai foi preso em flagrante pelo crime de redução à condição análoga a de escravo, caracterizado pelo fato dos adolescentes serem coagidos, terem longas jornadas de trabalho e não usarem equipamento de proteção individual.
“Na delegacia, o indiciado negou os fatos, alegando que não obrigava os filhos a trabalhar, nem batia ou ameaçava, e que o trabalho com carvão não era tão pesado assim”, disse o delegado. O preso foi levado ao Presídio Regional de Mafra.
Com informações do G1SC