Alívio e agradecimento foram os sentimentos descritos por Rudinei da Costa Garcia e por sua família, enquanto ele recebia atendimento na Unidade de Rim do Hospital Governador Celso Ramos (HGCR). Aos 67 anos, morador do bairro Harmonia, em Canoas, no Rio Grande do Sul, ele teve que deixar sua casa e seu estado para receber tratamento de hemodiálise em Santa Catarina devido às enchentes.
O caso dele não é único. Para acolher os pacientes do estado vizinho neste momento de emergência e solidariedade, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), tem organizado serviços e desvencilhado burocracias.
“Desde o primeiro momento, por orientação do governador Jorginho Mello, estamos organizando tudo o que é possível para acolher esses pacientes. São pessoas que precisam seguir seus tratamentos, precisam ter acesso aos medicamentos de alto custo e que perderam tudo. Estamos em contato permanente com a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul e orientamos todos os serviços de saúde do nosso estado para que possam atender esses pacientes de imediato e, posteriormente, organizar a documentação”, explica a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto.
A urgência em trazer seu Rudinei para Santa Catarina foi percebida pela filha, Angélica. Moradora de Palhoça, ela viu a enchente iniciar na cidade de sua família, Canoas, e decidiu juntar donativos na empresa em que ela e o marido trabalham e levá-los por conta própria ao município, localizado na região metropolitana de Porto Alegre.
“No domingo, dia 4, minha filha chegou, nós já tínhamos ido para a casa de meu irmão, porque na nossa a água tinha entrado. Ela me olhou e disse: mãe, não dá mais para vocês ficarem aqui, o lugar de vocês agora é comigo”, conta Maria Ivanete Dias Garcia, esposa de Rudinei, que complementa: “O Rudinei já estava sem tratamento, tentamos levá-lo a outros dois hospitais, mas estavam todos muito cheios”.
Na segunda-feira (6) a noite, eles vieram para Santa Catarina e, na terça-feira (7), já procuraram atendimento no Hospital Governador Celso Ramos. “Seu Rudinei chegou aqui quando estávamos perto de encerrar as atividades do dia. Ele chegou em uma situação precária, difícil, tinha perdido sessões de diálise lá e, por conta disso, estava com muito líquido acumulado, bastante desconfortável. Fizemos os exames, o estabilizamos e já o encaminhamos para a primeira sessão”, explica Carla Wood Schmitz, médica nefrologista do serviço de Hemodiálise do HGCR. Ele ainda precisou permanecer cinco dias internado antes de iniciar o tratamento.
Emocionado, seu Rudnei conta como foi chegar até aqui. “Eu cheguei aqui bem mal, estava muito ofegante e fui muito bem acolhido. Eles são bem atenciosos, fizeram o possível e o impossível. É um pessoal muito acolhedor, neste hospital me deram tudo de que eu precisava. Agora, eu me sinto bem aliviado, cada dia que saio daqui, já saio com mais fôlego. Sou muito grato por tudo o que Santa Catarina tem feito por nós. O estado de Santa Catarina está dando uma grande força para nós, para todos os gaúchos”, agradece.
A hemodiálise é indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica grave e é realizada ao menos três vezes por semana. Em Santa Catarina há 28 prestadores, entre clínicas e hospitais, localizados nas diferentes regiões do Estado. Até o momento, oito pacientes do RS estão realizando hemodiálise no território catarinense.