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Ossadas de criança e adulto de mãos entrelaçadas em sambaqui chamam atenção de arqueólogos

Escavações terminaram no final de semana e foram localizados 23 esqueletos no local

A ossada de uma criança sepultada de mãos entrelaçadas com as de um esqueleto adulto chamou atenção dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia da Unisul (Grupep-Arqueologia). Os ossos serão analisados no laboratório do Grupep em Tubarão, Sul de Santa Catarina.

As escavações terminaram no final de semana e foram localizados 23 sepultamentos pré-históricos nas escavações do sítio arqueológico Cabeçudas, às margens da BR-101, em Laguna, onde serão fixados os pilares da nova Ponte Anita Garibaldi, sobre o Canal de Laranjeiras. A maioria dos esqueletos é de adultos.

De acordo com o Grupep-Arqueologia, o sítio arqueológico é um sambaqui, local onde os povos pré-históricos enterravam os mortos há cerca de 5 mil anos. Em cerca de 90% dos casos, os corpos eram cobertos com berbigão, chamado de anomalocardias. Pela quantidade de camadas sobrepostas, os arqueólogos concluíram que o local foi usado durante muito tempo para enterros. As escavações duraram quatro semanas e atingiram dois metros do nível do solo.

No espaço, também foram encontrados artefatos como um almofariz (espécie de pilão para macerar ervas) um peso de rede e adornos em pedra e em osso. Segundo os pesquisadores, os materiais eram usados nos sepultamentos.

A equipe da arqueóloga Deisi Scunderlick Eloy de Farias, coordenadora do Grupep-Arqueologia da Unisul e do projeto, recolheu amostras durante as quatro semanas de pesquisa. De acordo com Deisi, o trabalho não alterou as obras de duplicação da BR-101, pois estava previsto no cronograma da obra.

O material é patrimônio da União e será analisado através da técnica do carbono 14, usado para descobrir a data das ossadas e artefatos. Inicialmente, acredita-se que sejam de 2 mil anos atrás.

Além das ossadas, artefatos foram descobertos no local

O sambaqui Cabeçudas é estudado desde o século 19. No local, já foram localizados cerca de 300 esqueletos de povos pré-históricos. O número representa a maior coleção de peças localizadas em um sítio arqueológico no país.

Além da Unisul, equipes da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pesquisam a área com foco no estudo demográfico e de ocupação da região. Os sambaquis ocorrem em todo o litoral brasileiro e em outros países. Os maiores estão em Santa Catarina.

As escavações  acontecem no local que já havia sido mapeado por um diretor do Museu Nacional do Rio na década de 1950. No ano passado, uma nova expedição da mesma instituição passou três semanas dando continuidade aos trabalhos de pesquisa.

Diário Catarinense

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