“Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27c). Com este compromisso de vida, o Monsenhor Onécimo Alberton, nomeado em 17 de dezembro de 2014 pelo Papa Francisco como Bispo de Rio do Sul (SC), assume sua nova missão neste domingo, 22 de fevereiro, na Celebração Eucarística com rito de Ordenação Episcopal que será celebrada às 15 horas, no Sisos Hall.
Mais de 5 mil pessoas de toda a Diocese de Criciúma e das dioceses de Santa Catarina, bem como de outros estados, são esperadas para a solene celebração. Mais de 200 bispos e padres participarão da missa, que contará com uma grande caravana da Diocese de Rio do Sul.
Como bispo ordenante, Monsenhor Onécimo convidou Dom João Francisco Salm, Bispo de Tubarão (SC) e como co-ordenantes, os bispos Dom Jacinto Inacio Flach, da Diocese de Criciúma, e Dom Paulo Antônio De Conto, da Diocese de Montenegro (RS), que durante dez anos esteve à frente de Criciúma.
“Dom João e eu trabalhamos juntos na formação, em Florianópolis, durante nove anos. Foi alguém que muito me ajudou e me aconselhou. Neste ano, a Diocese de Tubarão completa 60 anos de caminhada pastoral".
O candidato ao episcopado justificou a sua escolha. "Sendo eu, filho da Diocese de Tubarão, onde tive toda a minha formação e o início de meu ministério pastoral, foi a forma que encontrei para unir a diocese mãe, a diocese filha e os três pastores. Um reconhecimento e uma gratidão pela caminhada pastoral e eclesial realizada durante todo esse tempo”.
Como procede a ordenação episcopal?
O rito da ordenação episcopal inicia com a invocação do Espírito Santo sobre o coração do eleito, para que possa viver com fidelidade a missão que lhe é confiada. Depois disso, ocorre a apresentação, na qual Monsenhor Onécimo será conduzido pelos padres Wilson Buss e Ângelo Galato à frente do bispo ordenante.
Em seguida, é apresentada a bula papal, documento selado com o timbre do Papa e que contém a nomeação para o serviço episcopal, e que será lida pelo padre Egídio Schmoeller. Dom João interrogará o Monsenhor sobre seu propósito e logo após será cantada a Ladainha de Todos os Santos, enquanto o eleito permanecerá prostrado no chão.
Um dos momentos mais importantes e que propõe silêncio absoluto é quando da imposição das mãos e prece de ordenação do bispo ordenante. Concluída a imposição, o Livro dos Santos Evangelhos será depositado, aberto, sobre a cabeça de Monsenhor Onécimo, que depois será ungida com óleo santo.
Para distinguir a nova missão, Monsenhor Onécimo receberá as chamadas “insígnias”, sinais usados por um bispo: o Livro dos Evangelhos, que lembra a missão de ensinar; o anel, sinal de fidelidade; a mitra, sinal de santidade e o báculo, sinal do serviço pastoral.
Tempo de retirar-se
Durante quase uma semana, nos últimos dias, Monsenhor Onécimo permaneceu sozinho, em constante oração e silêncio.
“Fiz minha experiência de retiro em preparação a esse momento da ordenação. Entrei em contato com as Diretrizes Pastorais da Diocese de Rio do Sul. Pude rezar com o coração fundamento nessa realidade concreta da diocese, do povo de Rio do Sul e, à luz da palavra de Deus e dos documentos da Igreja, ver o lugar do ministério pastoral para o qual fui chamado. Pude rezar, a partir desta realidade, trazendo em meu coração as paróquias, comunidades, os dois bispos, padres, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos".
Segundo o futuro bispo, o momento de reflexão é fundamental. "Isso tudo me encheu de coragem, de esperança de ir ao encontro da Diocese, confiante na presença de Deus e da disposição do meu coração em fazer a sua vontade. Sinais estes que pude visualizar desde o primeiro encontro que tive com padres e lideranças, às vésperas do Natal. As impressões primeiras de ser bem acolhido por eles, a disposição do coração de cada um de abraçar juntos esta missão enche meu coração de alegria e de esperança”, afirma.
“Todos estão convidados”
De acordo com o Monsenhor, o momento da ordenação episcopal deve ser um momento de forte espiritualidade. Para isso conta, além da presença de sacerdotes, de todo o povo, que deve se sentir convidado. “É momento de acolher Deus que vem ao nosso encontro, que nos chama e desperta novas vocações e motiva cada um a viver com alegria o seu ministério, sua missão nas comunidades que participa".
Ele afirma ainda que esta não é uma celebração apenas da nossa diocese, mas da Igreja. "Quantas pessoas virão do Regional, de fora dele, e enviam mensagens dizendo que estão unidas em oração. Sendo uma celebração de toda a Igreja, a Igreja deve ser casa de acolhida e deve estar sempre de braços abertos para acolher os irmãos. Deste modo, ninguém está excluído. Todos estão convidados para participarem e sentir-se em casa!”
Padre Santos Sprícigo: um excelente promotor na vocação do pequeno Onécimo
O Monsenhor Onécimo Alberton ingressou ainda criança no Seminário São José, em Orleans (SC), incentivado pelo Padre Santos Sprícigo, que não pertencia à congregação dos Josefinos, porém era pároco na época e conhecia bem a família do pequeno quando tinha 11 anos de idade.
“Padre Santos foi uma referência muito forte na minha vida, pela proximidade, pela amizade com a família. Foi ele quem presidiu todos os sacramentos. Pelo fato de minha mãe, na época, ter passado por uma cirurgia em Curitiba devido a um problema cardíaco, ele me aconselhou que eu fosse para o Seminário de Orleans. Até então recebíamos visitas do padre Cornélio Dall’Alba na escola. Mas ele me aconselhou a ingressar porque estaria próximo da família diante da situação enfrentada”, relata.
O dom que padre Santos expressava ao acolher o Monsenhor, quando menino, o encantava. “Ele foi referência desde a infância pelo jeito de ser, de agir, de acolher. Ele me acompanhava diretamente. Todas as vezes que eu ia visitar a família, passava na casa paroquial para visitá-lo", lembra.
Monsenhior cita outras característica do padre. "Ele fazia questão de fazer o café e de dialogar. Me dava muita atenção e fazia recomendações no período de férias, sobre como eu deveria viver esse período, a presença que eu deveria ter e o espírito cristão junto a comunidade, de lá ser testemunho, conviver e estar junto aos jovens. Era um líder forte, em alguns momentos incompreendido, porém amado pelo povo. Uma pessoa que nos momentos cruciais estava sempre presente. Era pai. Isto sempre me encantou, esse espírito de liderança dele”, enumera.
“Padre Santos o chamava de ‘meu primogênito’. Dizia que ele o substituiria em Orleans”, acrescenta o pai do Monsenhor, o senhor Mozé Alberton.
Em razão da doença avançada no pulmão, padre Santos não pode esperar até a ordenação presbiteral de Onécimo. “Ele marcou a ordenação diaconal para maio e antecipou a presbiteral para setembro, pois queria muito assistir, antes que a doença o vencesse”, relembra Mozé.
Padre Santos faleceu no dia 9 de agosto de 1992, e Padre Onécimo foi ordenado em 27 de setembro seguinte. Conforme Monsenhor Onécimo, a data escolhida, dedicada a São Vicente de Paulo, do qual o finado padre era muito devoto.
“Parece coincidência. Era um dia bonito e havia umas 1,5 mil pessoas. Quando ele se prostrou, caiu um aguaceiro. O bispo disse que eram as lágrimas do padre Santos por não poder estar ali”, conta o pai.
Um testemunho vivido em família
A família de Monsenhor Onécimo Alberton tem origem na comunidade dedicada a Nossa Senhora das Dores, em Brusque do Sul, distante 18 km do centro de Orleans.
De onde se avista a serra, em meio ao campo, o futuro Bispo de Rio do Sul nasceu, em 16 de fevereiro de 1965, quarto dos cinco filhos do casal Mozé Alberton e Laura Bagio Alberton, ambos com 79 anos de vida e um testemunho de 60 anos de matrimônio.
“A gente enxergava a fé que ele tinha. Saia chorando de casa para o seminário. A mãe dizia que ele não era obrigado a ir, mas ele respondia ‘mas mãe, eu quero ir’. A brincadeira dele com os irmãos era montar igrejinhas e ele dizia que queria ser padre”, recorda o pai.
O relato do senhor Mozé confirma a afirmação do filho: “Pela vivência da fé partilhada na vida da comunidade, na família, na presença do padre Santos, de promotores vocacionais, o ser padre, para mim, sempre foi algo muito presente na minha infância, até mesmo nas brincadeiras. Se tem uma coisa que não tenho dúvida é do chamado de Deus ao sacerdócio”.
A família Alberton, conseguiu sustentar-se a custo de muito trabalho através da criação de suínos, da produção de farinha de mandioca e, mais tarde, do cultivo de fumo. De dia o trabalho, de noite, em casa, a oração.
“Nosso costume era trabalhar durante o dia e a noite se rezava o terço com a família. Participávamos todos os domingos da igreja, nas missas ou terços. Onécimo era um dos primeiros a sair de casa para rezar”, recorda Mozé.
O Seminário São José
Antes de ingressar no Seminário Diocesano de Tubarão, em 1980, convencido por padre Santos, o Monsenhor Onécimo estudou quatro anos no seminário da Congregação de São José. “Era referência de ensino e cultura na cidade, de resgate da religiosidade e presença positiva.
Lá deixei meu umbigo vocacional. O período formativo no seminário me moldou. Foi um tempo forte de deixar Deus trabalhar dentro de mim, e a convivência lá me ajudou muito a dar vida e discernir minha vocação”.
Uma surpresa para a família
Nem os pais, nem mesmo os irmãos ou sequer um dos oito sobrinhos do Monsenhor sabiam, antecipadamente, a respeito da nomeação do Papa Francisco. O pai, Mozé, fala da emoção dele e da esposa, já que dona Laura tem dificuldade para se expressar, depois de um derrame que sofreu alguns anos atrás e que lhe fez perder quase totalmente a fala.
“Como bispo, eu não esperava. Um vizinho ouviu no rádio e veio correndo me contar. Aqui na comunidade, era um comentário só! Minha esposa estava sentada no sofá quando Onécimo chegou e tocou nas costas dela. Assim que soube desmaiou. Ficou feliz".
"A gente não esperava, mas é muito melhor assim. Lembro que na ordenação do diaconato, o padre Evaristo Debiasi, em seu discurso, disse assim: ‘Hoje é o diaconato, outro dia será a ordenação presbiteral, mas não vai parar por aí, irá muito mais além”. Desejo muita felicidade a ele e que Deus o ajude ao máximo. É o seu serviço e deve seguir o seu caminho”, afirma o pai.
Emoção para a primeira professora e catequista
A pouca distância da casa dos pais de Monsenhor Onécimo, reside aquela que foi sua catequista, Eulália Mazon Machado, 78 anos. A simpática senhora, que já soma mais de quarenta anos de catequese na comunidade, relembra que o futuro bispo sempre foi um menino querido e obediente e manifestou desde muito cedo a vontade de ser padre.
“Quando foi para o seminário, sempre rezamos para ele continuar. Ele e padre Oscar trabalharam três anos conosco, nas comunidades de Brusque do Sul, Barracão e Chapadão. Ninguém esquece esse tempo, foi uma experiência fora de série. Me sinto muito satisfeita e um pouquinho parte dele. Agradeço a Deus, pois quando ele foi ordenado padre, já foi uma alegria para a comunidade. Agora, como bispo, então, toda a comunidade está feliz, dizendo: ‘Que bom que temos um bispo’. Toda a comunidade o adora, pois ele é muito amigo e bem aceito por sua simplicidade, seu modo de ser”.
A comunidade de origem, composta por cerca de 80 famílias, tem intensificado suas orações, todos os domingos pela nova missão do Monsenhor.
Missas que serão presididas por Dom Onécimo após a ordenação:
26/02 – 19h: Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio – Caravaggio, Nova Veneza
28/02 – 19h: Igreja Santa Otília – Centro, Orleans
01/03 – 10h: Igreja Nossa Senhora das Dores – Brusque do Sul, Orleans (comunidade de origem)
01/03 – 19h: Igreja São Paulo Apóstolo – Michel, Criciúma
07/03 – 19h: Igreja Nossa Senhora da Natividade – Centro, Cocal do Sul
08/03 – 10h: Catedral São José – Centro, Criciúma
08/03 – 19h: Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens – Centro, Araranguá
Com informações do Portal Veneza.
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