Será que chegaremos ao cúmulo de um dia sentirmos a sensação de que vamos responder SIM a tal pergunta? Ou corremos o risco de nossos jovens e adolescentes incorporarem a ideia de que num país como o nosso o criminoso tem mais vantagens do que o cidadão comum? E o que pais e educadores dirão para convencê-los de que ser honesto, ético, responsável é compromisso, é o que marca positivamente nossa passagem no mundo terreno?
Essas e outras indagações permeiam nossos pensamentos diante do caos que estamos vivendo pela falta de caráter de nossos representantes (em todas as esferas e poderes), de pessoas que enriquecem a custa do sacrifício de muitos que mendigam saúde, educação, segurança, vida digna. Mal assimilamos uma “bomba”, outra é disparada e deixa-nos atônitos.
Desde que se iniciou a prática de uma nova política de combate à criminalidade, a chamada delação premiada, que estimula o criminoso a colaborar com a justiça em troca de benefícios que amenizam a pena que lhe for imputada, muitos absurdos vieram à tona, muitas descobertas, algumas punições nunca antes imaginadas, a justiça acontecendo, apesar de lentamente, e com isso nossa esperança de passar o país a limpo foi se desenhando.
Com a operação Lava Jato, os termos delação e leniência passaram a fazer parte do nosso cotidiano, com delatores todos os dias na busca da redução de pena denunciando nossos políticos, atolados até o pescoço. Mas, a semana que passou tomou-nos de surpresa quando os irmãos Batista, da JBS, criminosos confessos, os caras que mais enriqueceram no país por corrupção, foram agraciados com proposta escandalosa do PGR em um acordo de leniência: anistia total, um desrespeito a quem paga uma carga tributária abusiva, dos quais bilhões foram parar nos cofres da JBS, nos governos Dilma e Lula, e hoje desfrutam as maiores mordomias nos Estados Unidos.
Mas, o que há por trás de tanta benevolência para com dois bandidos debochados que levaram bilhões de nossos cofres e investiram no exterior, afirmando ironicamente que no Brasil só se cresce corrompendo? A forma sarcástica como se portaram nos depoimentos deixou muito evidente que existe algo estranho nesta inexplicável leniência com que foram brindados. Não é possível que se deixe impune alguém trajetória tão criminosa. Por que o MPF foi tão bondoso, justamente com esses safados, praticantes de crimes tão graves e confessados descaradamente? Quantos outros fizeram acordo de delação, e a pena foi outra? Quem sabe o tempo nos dirá…
Diante disso, pergunta-se: será que a lei da delação premiada que surgiu com objetivo de prevenir, de diminuir a corrupção, corre o risco de tornar-se mais um caminho para a impunidade? Caso aconteça, cresce a possibilidade de acreditarmos que o crime em nosso país compensa. Será o fim dos tempos…