Em cenário de devastação e de frio, socorristas, com auxílio das primeiras equipes de emergência vindas de outros países, buscam pessoas com vida
O balanço do terremoto de 7,8 graus de magnitude que sacudiu a Turquia e a Síria supera 11.200 mortes, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira (8).
O número de vítimas fatais na Turquia subiu para 8.574, anunciou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que visitou a cidade de Kahramanmaras, epicentro do terremoto. Na Síria, 2.662 corpos foram retirados dos escombros.
Em um cenário de frio e devastação, os socorristas, auxiliados pelas primeiras equipes de emergência procedentes de outros países, lutam contra o tempo para encontrar pessoas com vida após o terremoto de 7,8 graus de magnitude registrado na madrugada de segunda (6), com epicentro no sudeste da Turquia.
A imagem esperançosa de uma recém-nascida resgatada dos escombros na Síria contrasta com a desolação de um pai na Turquia, que segura a mão da filha falecida que permanecia com o corpo preso entre dois blocos de concreto.
O ministério do Interior da Turquia alertou na terça (7) que as próximas 48 horas seriam “cruciais” para encontrar sobreviventes. Ancara decretou luto nacional de sete dias para as vítimas do terremoto.
“O balanço deve aumentar consideravelmente na Síria porque centenas de pessoas continuam presas sob os escombros”, afirmaram os Capacetes Brancos.
Este foi o terremoto com mais vítimas na Turquia desde 1999, quando um abalo sísmico matou 17 mil pessoas, incluindo mil em Istambul.
“Onde está o Estado?”
Na localidade síria de Jindires, as equipes de emergência resgataram uma recém-nascida dos escombros de um prédio.
A criança ainda estava unida pelo cordão umbilical a sua mãe, que morreu como os demais integrantes da família. “Ouvimos um barulho e cavamos (…) limpamos o local e encontramos esta bebê, graças a Deus”, disse Khalil Sawadi, amigo da família.
O resgate chegou tarde para Irmak, uma adolescente de 15 anos. Em silêncio, seu pai Mesur Hancer segura a mão inerte da jovem presa nas ruínas de um edifício em Kahramanmaras (sudeste da Turquia).
Localizada no epicentro do terremoto, a ajuda ainda não chegou à cidade de mais de um milhão de habitantes e de difícil acesso.
Ajuda internacional
Na terça (7) começaram a chegar as primeiras equipes de emergência estrangeiras. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que decretou estado de emergência por três meses em 10 províncias afetadas, afirmou que 45 países ofereceram ajuda.
A União Europeia mobilizou 1.185 socorristas e 79 cães farejadores para enviar à Turquia e trabalha com associações humanitárias na Síria para financiar operações de assistência.
O governo dos Estados Unidos prevê a chegada de duas equipes de emergência nesta quarta-feira à Turquia e também trabalha com ONGs locais na Síria para socorrer as vítimas.
O diretor de operações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Stephen Allen, afirmou em Ancara que todo o “apoio humanitário está direcionado agora para o noroeste da Síria”.
O terremoto destruiu a passagem de fronteira de Bab al Hawa, por onde transita quase toda a ajuda humanitária da Turquia para as zonas rebeldes da Síria, segundo a ONU.
A tragédia desencadeou uma onda de solidariedade que vai da China à Ucrânia, passando pelos Emirados Árabes Unidos, que prometeu uma ajuda de 100 milhões de dólares.
Até a Arábia Saudita, que não tem relações diplomáticas com a Síria desde 2012, anunciou a criação de uma ponte aérea para ajudar as populações afetadas dos dois países.
Com informações do ND+