Familiares, amigos, médicos, e comunidade em geral, estiveram na noite de ontem (18) no Legislativo de Criciúma para trazer um momento de reflexão e pedir mais segurança na cidade. Eles, que fazem parte do Movimento “Somos Todos Mirella” foram à Câmara por solicitação do vereador Julio Colombo (PP), por meio de requerimento aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Eles usaram o espaço destinado ao Horário Político.
“Os avós eram semi-alfabetizados. Ela recebeu e adquiriu bons valores. Era uma cidadã do bem, estudou para profissionalizar-se até dos 30 anos, e continuava se aprimorando. Ela preocupava-se em fazer bem a sua parte. O sentimento é que a sociedade criciumense falhou. Nossos olhares têm que estar voltado para a cidade, nossa rua, nosso bairro. Tem que acontecer tragédia para ocorrer reunião de emergência. Tinha vergonha do meu país e agora tenho vergonha de ser criciumense. Carecemos de bons exemplos”, disse o irmão da médica Mirella Maccari Peruchi, que foi morta no dia 27 de abril, Fabian Maccarini Peruchi.
O pai da jovem morta, Amélio Peruchi, ressaltou que a escola da vida é a melhor que existe. “Não é só os políticos culpados, nós também temos nossa parcela de culpa”, comentou.
“Os direitos humanos são para os bandidos e não para nós, pessoas do bem. O tempo não vai curar essa ferida. Dia 7 de setembro estaremos percorrendo o caminho de Santiago levando as cinzas da Mirella”, acrescentou o pai.
O professor Gervásio Oecksler, comentou que sempre aprendeu, escutou e tentou transmitir é que ser bom é muito bom. “Vale a pena lutar por isso. O que está faltando é educação nesse país”, ressaltou. Ele faz parte do movimento Champagnat, e Mirella e seus familiares também participavam.
Jaime Lin, o esposo da médica, lembrou a história do casal e a luta para tornarem-se médicos. “Trabalhamos arduamente, e o único resultado foi o abandono da cidade, onde as leis são criadas com descaso, que favorecem os criminosos. Leis que nunca são cumpridas. Esses sujeitos foram presos mais de 11 vezes. Somos tratados como estatística e somos penalizados sendo “presos” em nossas casas”, enfatizou.
Vereador propõe nome de Mirella para o CASE
O vereador Julio Colombo (PP) autor do requerimento para que o movimento “Todos Somos Mirella” estivesse na noite de hoje (18/5) na Câmara, sugeriu que o nome do CASE leve o nome de Mirella Maccarini Peruchi. “Em função desse momento marcante, uma singela homenagem. É muito pouco, mas é emblemático”, disse.
Colombo lembrou ainda que no ano passado, quando estava internado no Hospital São João Batista, foi Mirella quem cuidou dele. “Amélio (pai da médica) foi meu professor de química. Todos acham que ela nasceu médica, mas ela se fez médica, com esforço dos pais que são professores públicos. Pais de cinco filhos, que souberam conduzir e educar para o sucesso, com muito esforço. Não podemos aceitar que uma pessoa justifique um ato desse sobre o pretexto de que reagiu”, lamentou.
A médica foi morta no dia 27 de abril em uma tentativa de assalto quando voltava para casa. Ela foi atingida com um tiro na cabeça.
Colaboração: Daniela Savi