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Morre Manequinha, caminhoneiro de Imbituba reencontrado pela família depois de 29 anos

Recentemente havia sido reencontrado por outro carreteiro de Imbituba e localizado há cerca de um mês por familiares no povoado de Formosa, município de Macururé, no Estado da Bahia.

Foto: Divulgação

Faleceu na manhã desta sexta-feira (14), aos 64 anos, o imbitubense Manoel da Silveira, o Manequinha, caminhoneiro que ficou desaparecido por 29 anos e que recentemente havia sido reencontrado por outro carreteiro de Imbituba e localizado há cerca de um mês por familiares no povoado de Formosa, município de Macururé, no Estado da Bahia. Ele foi sepultado na manhã deste sábado (15) em Imbituba, na presença dos filhos, netos e demais familiares.

Conforme divulgado pelo Portal AHora, Manequinha, que antes de ser acolhido pela família em Imbituba vivia como morador de rua entre os estados de Bahia e Pernambuco onde era conhecido pelo apelido “Saguim”, faleceu vítima de um problema crônico no fígado. Ele já havia se submetido a um exame de DNA que afastou qualquer possibilidade de o homem encontrado não ser o caminhoneiro até então desaparecido.

Protagonista de uma incrível história que mais parece roteiro de filme ou novel, Manoel esteve desaparecido há 29 anos, desde que foi realizar um frete no sertão nordestino, em Pernambuco, nos ano de 1989 deixando para trás dois filhos (Fernando da Silveira, com 4 anos, e Rafael da Silveira, com 9 anos) e a então esposa Carmem Lúcia da Silveira, com 30 anos de idade.

Quando foi reencontrado, ele justificou o sumiço por ter passado mais de uma década preso, responsabilizado por um acidente pelo qual nunca foi sequer julgado. A informação que a família tinha era que ele havia viajado para entregar uma carga de baterias em Recife-PE e depois se deslocaria para Mato Grosso do Sul. Naquele ano, o dono do caminhão, juntamente com primos de Manuel, foram até Mato Grosso do Sul na tentativa de localizá-lo. Distribuíram cartazes, foram em rádios, jornais, mas sem êxito.

A família foi informada que, provavelmente, ele estivesse morto e a busca ficou adormecida por um bom período, apesar da incerteza. O caminhão também desapareceu.

Vinte e sete anos depois, já em 2016, um caminhoneiro de Imbituba entrou em contato com a família e informou que teria visto Manoel da Silveira em Água Belas-PE. O caminhoneiro ainda tentou levá-lo de volta para Santa Catarina, mas Manequinha desapareceu novamente.

A família então, de imediato, foi até o Pernambuco, mas também não conseguiu localizá-lo. A aparência de Manoel mudou muito e ninguém conseguiu reconhecê-lo através de fotos antigas. No mês passado (julho de 2018), um caminhoneiro de Garopaba, conhecido como Valério viu ele em Formosa (BA) e posteriormente em Jorrinho, município de Tucano (BA), e avisou a família.

A procura

Uma irmã de Manoel e outros familiares entraram em contato com a polícia de Tucano e soube que Manequinha acabou sendo detido, porém, como ninguém apareceu, foi liberado. Outro caminhoneiro conhecido como Itamar também o reconheceu, conversou com ele e, inclusive, levou um fio de cabelo para que um exame de DNA fosse feito. Porém, como o cabelo foi cortado e não arrancado pela raiz, não serviu para fazer o exame.

Itamar também entregou à família o contato do vice-prefeito” Galo Cego”, que é proprietário da borracharia onde Manoel estava instalado há quatro anos, em Formosa. A família entrou em contato e, após algumas conversas, resolveu vir para ter a certeza que realmente se tratava do familiar desaparecido. Por coincidência, o primeiro contato foi feito no dia dos pais.

“Eu e meu irmãos crescemos, estudamos, casamos, moro em Joinville e meu irmão mora em Florianópolis. A nossa vida andou e achamos que realmente ele estava morto. O dono do caminhão sempre falou pra nós que ele tinha morrido, a gente cresceu com essa informação. Então apareceu hoje, depois de 29 anos, a gente acreditou, mas também desconfiou. Seria alguém querendo se passar por ele? Enfim, a gente ta aqui hoje, porque acreditamos e queremos que ele volte para casa”, afirmou o filho Fernando da Silveira.

Manoel da Silveira chegou ao Povoado Formosa há quatro anos como andarilho. Foi acolhido e acabou ficando. Ele ajuda na limpeza da Borracharia do Galo Cego, e sempre se deslocava, através de carona com caminhoneiros, para outros lugares, principalmente, Tucano-BA e também Ceará, mas sempre retornava.

Motivo do desaparecimento

Segundo o próprio Manoel, em 1989, no estado do Mato Grosso do Sul, foi vítima de uma armação de um delegado, cujo filho acabara falecendo não acidente, e acabou ficando preso por 12 anos. Por vergonha, nunca entrou em contato com a família e nem quis retornar à sua cidade. Ficou andando sem destino, até hoje.

O reencontro

A família se organizou e os dois filhos e a “esposa” foram de avião até Aracaju, locaram um veículo e na noite de sexta-feira (24/08) chegaram em Formosa, porém, com medo da reação de Manoel, conversaram primeiramente com Galo Cego e outras pessoas, mas não apareceram para ele.

Na manhã deste sábado (25), houve o reencontro. Foi um momento delicado, com choro, abraços e uma boa conversa.“Eu sempre tive vontade de saber o que realmente aconteceu. A gente não sabia se estava morto ou vivo. Eu não sabia se era viúva de um marido vivo ou de um marido morto”, disse Carmem Lúcia, mulher que foi esposa de Manoel.

Manoel concordou em voltar para Santa Catarina, porém não retornou com os familiares. Pois não portava nenhum documento, inviabilizando a viagem através de avião. A família também não foi ao nordeste em carro próprio e, devido aos compromissos profissionais, necessitaram voltar logo. Manequinha voltou de carona, com um amigo caminhoneiro. Manoel tinha 12 irmãos, sendo dois deles já falecidos.

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