Comunidade de Lauro Müller se une para cobrar dos responsáveis que os problemas enfrentados sejam resolvidos.
Dificuldade de acesso devido à má conservação das estradas, ponte levada pelo rio após chuva e riscos de alagamento. Este é o cenário vivido pelos moradores da localidade de Vargem Grande, em Lauro Müller. É sabido que os cidadãos brasileiros arcam com alta carga tributária.
Por isso, é grande a revolta quando suas necessidades não são supridas pelo poder público, como o direito básico de ir e vir, ou quando a falta de ação põe em risco o patrimônio conquistado com tanto esforço. Cansados de esperar, eles se uniram e convocaram os responsáveis e corresponsáveis pelos problemas enfrentados a fim de cobrar respostas e, principalmente, garantir que providências sejam tomadas o quanto antes.
Na noite desta terça-feira, dia 6, aproximadamente 40 moradores participaram de um encontro com representantes da Prefeitura de Lauro Müller e das empresas Argesul e Mohawk (empresa detentora das marcas Eliane e Elizabeth), que realizam a extração e o transporte de argila. Caso não haja uma resolução, o trânsito será bloqueado.
“Queremos deixar claro que nossa luta não tem relação nenhuma com política. Nós estamos aqui por amor às nossas terras”, declarou Roselia Nunes, que possui pousada no local. Segundo ela, a situação das estradas atrapalha o turismo e, consequentemente a economia, já que muitos hóspedes, antes de fechar a hospedagem, questionam sobre como é o acesso à propriedade.
Durante o encontro, o cidadão Marcelo Fontanella relatou sobre o descaso com a comunidade. “Eu fui atrás várias vezes para que esses pedidos fossem atendidos, mas agora deu. Para tudo há um limite. Estamos batalhando há bastante tempo. As pessoas sofrem por conta do rio, pela poeira e pelos buracos. São problemas que nunca são resolvidos. Estamos cansados e, se nada for feito para solucionar, tomaremos uma decisão e haverá consequências”, adianta.
Reivindicações realizadas
Os pedidos feitos pelos moradores de Vargem Grande são: 1) recuperação asfáltica no trecho de aproximadamente 2,5 quilômetros; 2) manutenção das estradas que dão acesso à comunidade; 3) reconstrução da ponte que foi levada pela força da água após a chuva no dia 27 de janeiro; 4) desassoreamento do rio devido ao risco iminente de alagamento.
Comunidade lamenta falta de posicionamento do poder público
Representando a Prefeitura de Lauro Müller, se fizeram presentes no encontro a chefe de Gabinete, Jodele Alves, e o superintendente da Fundação Ambiental Municipal (FAM), Cássio Ferreira. O descontentamento da comunidade se deu pela ausência da prefeita Saionara Correa de Carvalho Bora e de algum profissional da Defesa Civil do Município. A justificativa dada foi de que eles possuíam outros compromissos.
Dessa forma, Jodele informou que passaria as demandas à chefe do Executivo, mas que não poderia adiantar sobre quais providências seriam tomadas. Cássio, por sua vez, explicou sobre como funciona o desassoreamento do rio. Porém, a falta de clareza a respeito da data em que o trabalho será executado também não agradou aos presentes, que têm pressa pelo receio de que a chuva traga mais transtornos e prejuízos.
Na ocasião, o vereador Alexsandro Marchioli criticou a falta de posicionamento. “Será que vocês não poderiam vir com uma resposta para a comunidade? Na semana passada, divulgamos na imprensa sobre a reunião e repassamos as demandas ao Executivo. A prefeita, o secretário de Obras e o responsável pela Defesa Civil não se fizeram presentes hoje. De qualquer forma, poderiam ter repassado o que seria feito ao invés de mandar alguém ouvir os pedidos que eles já sabiam quais eram. Não deixamos nossas casas para voltar sem uma resposta. Vamos ter que esperar até quando?”, cobrou.
Empresas se disponibilizam para contribuir com a manutenção das estradas
A advogada Aline Becker Frederico Serafim, coordenadora do Departamento Jurídico do grupo Mohawk Industries, afirmou que a empresa tem interesse em ouvir a população e manter um bom relacionamento. “A matéria-prima é o coração da nossa empresa e, sem ela, não produzimos. Obviamente, não é de nosso interesse que o transporte seja impedido”, declarou.
“Nós possuímos projetos de manutenção das rodovias. Entendemos que nem sempre estão adequados às necessidades da comunidade, mas nos colocamos à disposição para ouvir os moradores para que possamos melhorar o trabalho que realizamos. Mas, desde já, informamos que nós temos sim um plano de ação de recuperação e manutenção periódica das estradas. É claro que precisamos ouvir também quais as ações da Administração Municipal e iremos fazer isso”, complementou.
Comunidade define prazo para resposta
Durante a reunião, ficou definido que os profissionais da Prefeitura de Lauro Müller e os representantes das empresas deverão se reunir durante a semana e terão até a sexta-feira, dia 9, para dar um posicionamento para a comunidade. Na quinta-feira da próxima semana, dia 15, os moradores terão um novo encontro para avaliar a resposta e, então, definir o que será feito a partir disso.