Os vereadores do PP e PL se posicionaram contra a alegação da chefe do Executivo, de que a oposição teria feito a denúncia anônima no MPSC.
A Moção de Repúdio endereçada à prefeita Saionara Correa de Carvalho Bora, de autoria dos vereadores Alexsandro Marchioli (PP), Guilherme Coan (PP), Ronaldo da Silva (PP) e Acione Andrade Izidoro (PL), gerou polêmica durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Lauro Müller nesta segunda-feira, dia 23.
O documento diz: “Os vereadores do PP e PL, bem como as lideranças desses dois partidos, repudiam veementemente o posicionamento do Executivo Municipal quando insinua que a oposição é quem a denunciou ao Ministério Público e impediu que ela pudesse atender a população na Unidade de Saúde do Centro. Nós vereadores também queremos deixar claro que antes de ser prefeita, Saionara Bora é médica e poderia sim atender o povo de nossa cidade. Jamais iríamos contra tal atitude da prefeita, pois sabemos da necessidade que nossos cidadãos têm por atendimento médico. Mas também queremos deixar claro que tal fato não suprime os deveres e promessas da prefeita que, em campanha política, era de que não iria faltar médico nos postos de saúde da cidade. A mesma também falou em vídeo que seria muito fácil trazer médicos de outras cidades e outros estados para trabalhar em nossa cidade. Então reiteramos aqui nossa cobrança por melhor atendimento em saúde para nossa população”.
A Moção de Repúdio dividiu opiniões entre a bancada de situação e a bancada de oposição e esquentou o clima na Casa Legislativa, sendo rejeitada por 5 votos a 4. A sessão ordinária na íntegra pode ser assistida através deste link.
Veja também: “Quem fez isso foi a oposição”, declara prefeita de Lauro Müller sobre denúncia no Ministério Público
Confira os pronunciamentos:
Lindomar Cataneo (PSD): “A palavra oposição em si significa tudo aquilo que se opõe a uma ideia, a uma pessoa ou a um governo. Sendo dessa forma, qualquer pessoa que opõe a esta atitude tão nobre de nossa prefeita pode ser o denunciante. Oposição é tudo aquilo que serve como barreira, como obstáculo, como empecilho para alguma coisa. Quando a doutora insinua que foi um opositor que fez a denúncia, ela está corretíssima. Não está se referindo a um partido político, mas qualquer pessoa de Lauro Müller que se opõe ao governo”.
Alexsandro Marchioli (PP): “Ninguém está dizendo que a prefeita está errado. Eu até acho legal o gesto que ela fez. Jamais nós quatro da oposição iríamos no Ministério Público e denunciar a prefeita. Fazendo isso estaríamos indo contra a população e contra as pessoas que realmente estão precisando. O que me deixa indignado é o seguinte: é tão fácil falar antes, em uma eleição em uma rádio, que teríamos bom médicos. Isso tudo poderia ser resolvido se tivesse pensado antes de mandar médicos embora, como foi feito. Eu acho que a solução seria ir atrás de médico. Não precisava ir lá e se expor. Se ela fez isso sem ter conhecimento, então está sendo mal conduzida dentro da Prefeitura. Deveria ser melhor assessorada”.
Sysse Alves Velho (MDB): “Essa Moção errou de remetente. Ela deveria ser endereçada a quem maldosamente fez a denúncia, pois prejudicou pessoas que precisam muito de atendimento. A atitude da nossa prefeita foi nobre e voluntária, e o povo entendeu isso. Todos nós vimos que isso repercutiu no estado a favor dela. Eu vou contra a Moção por entender que seria mais um erro. O primeiro foi cometido pela pessoa que, covardemente, fez a denúncia e não teve a coragem de se identificar. Será que essa pessoa consegue dormir tranquila, sabendo que lá na unidade tinha idosos e pessoas que estavam precisando? Não tem ninguém de braços cruzados. A equipe está sim correndo atrás de médicos, mas a burocracia está atrapalhando”.
Guilherme Coan (PP): “A gente fez essa Moção porque, se formos analisar a entrevista da rádio e a posição das pessoas e as conversas, querem induzir nós quatro vereadores da oposição. Por isso que a gente fez essa carta. Realmente, você, Lindomar, está certo. Uma oposição pode ser qualquer pessoa. Também gostaria que o Ministério Público se manifestasse. Eu fui uma das pessoas que solicitou informações ao órgão, mas não obtive. Também complementando à vereadora Sysse, essas informações foram jogadas em nosso nome. Se formos olhar essas manifestações e a entrevista na rádio, vem um pouquinho de culpa em cima de nós. Estamos aqui para defender o povo e não iríamos contra e até comentando entre nós que isso seria uma ótima cartada, pois iria atender realmente quem precisa”.
Rodrigo Dias (PSDB): “A gente fica muito chateado mesmo. Repercutiu muito. Todo mundo veio perguntar a razão de Lauro Müller ser diferente das outras cidades, por não ser permitido aqui. A gente sabe que quem fez isso foi por causa de política. Nem tudo o que a gente vai fazer hoje em dia é pensando em voto. Tá na hora de parar, pensar um pouco, ter vergonha na cara e deixar os outros trabalhar”.
Ema Hofmann Benedet (MDB): “É muito triste quando alguém quer fazer o bem e tem gente que vem atrapalhar. Houve mandatos em que a pessoa ia para sítio ou para a empresa trabalhar e podia. Agora atender na unidade de saúde não pode. Prefeito que passava uma semana sem ir na Prefeitura podia. A prefeita não falha um dia sem ir na Prefeitura. São quatro mãos trabalhando, ela e a vice-prefeita. Em nenhum momento deixaram a Prefeitura sozinha. A gente sabe que concurso público para médico é difícil. Ninguém mandou médico embora. Só prefeito louco faz isso. O médico simplesmente foi porque conseguiu outra oportunidade. E como iria demorar para outro profissional assumir e não seria possível outro atender imediatamente, a prefeita se disponibilizou voluntariamente a atender”.
Ronaldo da Silva (PP): “Eu não tenho vergonha nenhuma de fazer essa Moção de Repúdio. Na gestão passada, quando faltou água, que é um bem precioso para a saúde, eu me prontifiquei levar água, com o meu carro com a carretinha atrás, eu fui denunciado. Mas não precisei ir para a rede social me aparecer. Eu simplesmente sabia que estava errado, mas fui tentar fazer o certo, buscando levar a água de uma forma que a lei me permitia. Isso é diferente de agora, de dizer que é voluntário. Ela não estava lá de forma voluntária não, ela estava ganhando salário de prefeita. Se ela renunciasse o cargo e fosse atender, aí seria voluntário. Eu, inclusive, tenho um print aqui em que fui para a rede social parabenizar ela pelo gesto, mas não vem me dizer que foi voluntário. E outra, Lindomar, como é que ela acusa a oposição se a denúncia foi anônima? Então foi sim uma fala tendenciosa para nos prejudicar. Eu já fiz denúncia, mas foi com o meu nome e posso mostrar, pois está aí gerando processo. Não tenho medo e não aceito insinuações que venham prejudicar o nosso caráter e o nosso trabalho perante a sociedade. Não fomos nós e nem o denunciante que impediu ela, foi o Ministério Público”.
Manoel Leandro Filho (MDB): “Essa Moção deveria ser com o intuito de parabenizar a prefeita pela ato que ela teve de querer ajudar a comunidade. Não é voluntária porque é no período em que ela é prefeita, mas é voluntária, pois é um serviço que ela não é obrigada a fazer. Ela faria voluntariamente para as pessoas que estão precisando. Eu queria repudiar hoje quem fez essa denúncia, pois isso é uma vergonha para nosso município. Nas palavras e nos debates, até parece que o chapéu serviu para alguém. Não sei porque tanto nervosismo ou discussão. Nós da situação, com certeza, vamos votar contra a Moção. Como que iremos votar contra uma prefeita que faz uma ato de bem para nossa cidade? Ela não merece essa Moção. Quando se fala em oposição, tem várias pessoas, não apenas os quatro vereadores em atuação. Se eu fosse em uma rádio, eu também falaria que foi a oposição. Ou vão querer dizer que foi nós da situação? Não existe isso”.
Acione Andrade Izidoro (PL): “Estes quatro vereadores têm identidade. Quando vamos fazer uma denúncia ou fiscalização, temos essa Casa para usar. Aqui a gente se identifica, esta é a casa do povo. Jamais faríamos uma denúncia anônima, pois temos identidade e caráter. Então quero deixar bem claro para a população e esclarecer bem a situação. Os quatro vereadores não têm nada a ver com essa denúncia. O que a prefeita fez ou o que ela iria fazer, seria positivo para o Município porque atenderia diretamente as pessoas que precisam. Então jamais iríamos contra, vocês podem ter certeza. O vereador está aqui para fiscalizar. Não vamos confundir o trabalho que os vereadores vêm fazendo, de fiscalização do dinheiro público, com denúncias anônimas. O dia em que eu denunciar a Administração Municipal, eu vou usar esta tribuna, este microfone, e lá na denúncia estará o nome deste vereador. Agora não vem dizer que não teve a intenção de jogar a culpa para cima destes vereadores porque isso é conversa fiada e ninguém vai acreditar”.