Nas eleições municipais de outubro, o aposentado Ermínio Tontini, de 73 anos, vai trabalhar na apuração dos votos das urnas eletrônicas e alcançar a marca de 50 anos de serviços prestados à Justiça Eleitoral em Tubarão. Nesse meio século ele já foi mesário, presidente de mesa e escrutinador.
Nascido na cidade de Ascurra, Ermínio começou a ser convocado pela Justiça Eleitoral para trabalhar em eleição poucos meses depois de chegar a Tubarão, em 1966. Ele estava prestando o serviço militar obrigatório em Ponta Grossa (PR) e acabou sendo transferido para o quartel da Cidade Azul.
“Fui para o quartel depois dos 20 anos porque estava estudando no seminário, aí entrei numa turma tardia. Me transferiram para cá em junho de 1966 e logo em seguida recebi a carta para trabalhar como mesário”, lembra seu Ermínio, que casou-se um ano depois com uma tubaronense e trabalhou durante 27 anos na Ferrovia.
A convocação para a eleição daquele ano não despertou sentimento de alegria ou reprovação em seu Ermínio. “Eu não sabia como era, poderia ser bom ou ruim, então não criei expectativa, mas acabou sendo uma boa experiência”, recorda.
Por acaso ou por motivos desconhecidos, a Justiça Eleitoral nunca mais se esqueceu dele e passou a convocá-lo para trabalhar em todas as eleições até hoje. Ele só não trabalhou no pleito de 2014 porque estava internado em um hospital e pediu dispensa.
E foram várias as situações curiosas que seu Ermínio vivenciou nesses anos todos. A maioria delas da época anterior às urnas eletrônicas, quando a contagem dos votos era manual e durava, às vezes, mais de um dia. Ainda nos anos 80 se viu obrigado a dar uma “bofetada” em um fiscal de partido que o pressionava durante o escrutínio.
“Ele ficava atrás de nós incomodando e de repente pegou da mesa uma cédula de votação, algo que era proibido até mesmo para o juiz eleitoral. Tomei a cédula dele e lhe dei uma bofetada na orelha. O juiz eleitoral ainda o expulsou do local”, lembra.
Em outra eleição, com apuração no clube Cidade Luz, seu Ermínio e outros escrutinadores sofreram duplamente. Primeiro por causa do forte calor, e depois com a pressão de um grupo de fiscais inconformados com a contagem.
“Contamos e recontamos os votos várias vezes por causa daquela turma chata. No final contamos os votos um por um bem devagar de propósito pra castigar eles também. Passamos muito calor e insônia durante dois dias”, relata.
Hoje, com a função mais tranquila na apuração do Fórum, o aposentado participa de eleições mais calmas. Apesar da praticidade das urnas eletrônicas, ele afirma não confiar nesse sistema informatizado.
Com informações do Jornal Diáro do Sul