Saúde

Médicos do Hospital São José entram em estado de greve neste domingo

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

Foi oficializada na tarde de ontem (27) a decisão do corpo clínico do Hospital São José de Criciúma de paralisar os serviços com o objetivo de chamar a atenção dos governantes para o caso. A intenção do movimento é cobrar todo o montante ainda devido à instituição e aos profissionais, valor que gira em torno de R$ 15 milhões, e reajustar todos os valores pagos pelos procedimentos atualmente. O Sindicato dos Médicos da Região Sul (Simersul) está apoiando e liderando a ação, vista como de extrema necessidade pelo presidente da instituição, Luiz Augusto Borba. “Nós fomos pacientes. Conversamos muito. Demos o tempo que nos foi pedido. Não estamos aqui brincando. Sabes da seriedade dessa decisão, mas vamos ser firmes e defender o movimento, que vem para ajudar a saúde hospitalar e todos podem ter ganhos”, afirmou.

Integrante da comissão de negociação entre hospital, Estado e prefeitura e porta voz do grupo, o médico Giancarlo Búrigo apresentou um documento redigido em nome do corpo clínico. Em sua fala, Búrigo destacou que “desde agosto do ano passado o corpo clínico do Hospital São José juntamente com a administração do hospital tem se reunido para encontrar soluções para manter o Hospital São José em funcionamento nos moldes em que atua até hoje. No entanto, a solução passa pelos gestores de saúde e aqui fazemos referência ao Estado, ao município, pois estar duas instâncias é que negociam diretamente com o hospital”, destacou.

Cremesc aponta desinteresse

O Conselho Regional de Medicina (Cremesc) esteve representado no encontro pelo delgado Rômulo Pizzolatti, que externou opinião sobre o desinteresse de entidades e lideranças quanto o assunto. “A orientação do conselho é de que se esgotem as possibilidades de tentativa de acordo para que seja feita uma definição como essa. Percebendo que houve esse esgotamento e que autoridades não haviam abraçado a causa, estamos apoiando e orientando o movimento para que seja feito completamente dentro das normas previstas”, explicou Pizzolatti, acrescentando que de acordo com o previsto pela legislação, a paralisação organizada não pode ser por menos de que 30 dias.

O que muda?

A partir da homologação da ata da assembleia realizada com o corpo clínico, que deve acontecer até domingo, serão contados 30 dias para o chamado estado de greve. De acordo com Borba, durante todo o mês de março não haverá mudanças para a população. Conforme a diretora do corpo clínico do hospital, Carmen Gandhi, após esses 30 dias serão reduzidos alguns serviços como atendimentos ambulatoriais, internações, encaminhamentos para especialidades e cirurgias eletivas. “Nunca será paralisado o atendimento de urgência e emergência. Nossa intenção jamais será desassistir os pacientes, mas temos a convicção de que se não tomarmos uma atitude, a situação vai piorar cada vez mais. Com o cenário atual já temos dificuldade de contratar e manter nossos colegas, que também trabalham a mais e se quer recebem salário”, completa Carmen.

Empresários e lideranças políticas abraçam a causa

Ainda durante a tarde de ontem, empresários liderados pela Associação Empresarial de Criciúma (ACIC) e lideranças políticas do Sul do Estado se reuniram na sede da instituição para discutir o assunto e procurar soluções. Conforme o presidente da ACIC, César Smielevski, o encontro foi produtivo e já rendeu novas discussões. “Tivemos uma bela presença de representantes de entidades e classe política da região. Expomos os problemas financeiros do hospital e já conseguimos dar alguns encaminhamentos. Radicalismo não leva a lugar algum. Estamos empreendendo esforço muito grande e sabemos que a classe médica também será tolerante”, afirma.

Na próxima segunda-feira a ACIC, a Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) e o Secretário Estadual de Articulação Nacional, Acélio Casagrande, farão encontro com o vice-governador do Estado, Eduardo Moreira, para buscar um valor imediato de cerca de R$ 1 milhão mensal para o Hospital São José, de Criciúma. A entidade busca um aporte de pelo menos de R$ 1,5 milhão ao mês para reduzir o déficit, calculado em R$ 2,5 milhões todos os meses.

A reunião contou com a presença dos deputados federais Ronaldo Benedet, Geovânia de Sá e Jorge Boeira. Entre os estaduais estavam Luiz Fernando Cardoso, José Milton Scheffer, Valmir Comin, Cleiton Salvaro e Ricardo Guidi. Rodrigo Minotto e José Nei Ascari encaminharam representantes ao encontro. Também participaram representantes do Hospital São José, Lions Clube, SATC e CDL, Maçonaria e Rotary Clube. O Secretário de Desenvolvimento Regional, João Fabris, e o Reitor da Unesc, Gildo Volpato, também participaram do encontro.