Educação

Mais uma Reforma Ortográfica?

Foto: Divulgação/Internet

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Observe a manchete a seguir: “Grupo técnico do Senado pretende promover nova reforma ortográfica para tornar a escrita mais próxima da fala”. Se não fosse matéria veiculada em meios de comunicação confiáveis, confesso que encararia como uma grande “piada”, como as tantas barbaridades que acompanhamos diuturnamente dos nossos governantes, em qualquer âmbito.

Por que não vão fazer cumprir aquela reforma, também desnecessária, idealizada em 1975, assinada em 1990,  que só entrou em vigor em 2009, com prazo de implantação até 2012, mas até hoje ainda não foi cumprida, pois Portugal ainda resiste à mudança, ficando o prazo prorrogada para 2016 ?  Por que não vão fazer cumprir as leis, resgatar a dignidade, acabar com a corrupção, resolver os problemas sociais do país, buscar alternativas para melhorar a saúde, a educação e a segurança do povo, ao invés de fazer uma reforma na língua?

Convém lembrar aqui que a reforma de 2009, além de inadequada, trouxe mais perdas do que lucros, pois foram gastos milhões e milhões na atualização dos livros para uma mudança que atingiu apenas 0,5% (zero vírgula cinco por cento) dos vocábulos brasileiros. Foram jogados no lixo milhões de livros. O governo, na época, reeditou uma média de 150 milhões de livros didáticos, dinheiro esse que poderia ser investido na formação de professores, na melhoria de atendimento à população carente, subsidiar  o custo dos livros para que os cidadãos possam se tornar leitores, pois muitos não o fazem por não falta de condições financeiras.

Para que o leitor entenda a barbaridade que está por acontecer, aqui estão  algumas das proposições da nova reforma: “fim do H no início da palavra- “oje” ao invés de “hoje”;  o G com o som “gue” –“gerra” ao invés de “guerra”;  CH substituído por  X – “flexa” ao invés de “flecha”; S com som de Z vira Z – “aza” ao invés de “asa”;  X com som de Z vira Z – “ezame” ao invés de “exame”;   C antes de E e I vira S – “sidade”  ao invés de “cidade”;   SS vira S – “geso” em vez de “gesso” ;  SC antes de E e I vira S – “creser” ao invés de “crescer”;  XC com som de S vira S – “eseto” ao invés de “exceto”.

Uma verdadeira palhaçada! É uma reforma desnecessária, discutida e decidida em gabinete, por “meia dúzia” de executivos, sem a participação de educadores, de estudiosos, de outros representantes da sociedade organizada.

Qual o custo benefício que uma reforma desta traria? Não é preciso responder! Mas, é  preciso que a sociedade tome conhecimento e se posicione, pois mais uma vez teremos de pagar um preço alto pela incompetência de nossos dirigentes, caso venha acontecer.

É preciso ficar claro  que não é mudando a escrita que o nível de leitura e escrita da população vai melhorar. É necessário que se valorize o ensino investindo na formação dos educadores e dando condições financeiras para que as pessoas invistam na sua formação intelectual, pois uma nação só será próspera quando seu povo é desenvolvido intelectualmente, o que não interessa à classe dominante.