Saúde

Mãe questiona óbito de bebê de oito meses por causa não esclarecida, em Araranguá

Mãe quer entender porque o filho, de oito meses, entrou na UPA com leve coriza e ânsia de vômito, e, poucas horas depois de uma injeção e da alta médica, é encontrado morto no berço.

Desde o dia 8 de agosto, a moradora do Lagoão, em Araranguá, Arlene Borges dos Santos, 38, tenta entender o que aconteceu com o filho caçula. Arthur dos Santos Saraiva, que tinha completado oito meses um dia de ter sido atendido no UPA – Unidade de Pronto Atendimento do bairro Mato Alto, e ser encontrado morto no bercinho algumas horas depois. Ainda muito abalada com a morte do pequeno Arthur, Arlete recebeu a reportagem para contar o drama vivido naquela madrugada, que ela descreve como um pesadelo.

Na última quarta-feira (31), ela prestou depoimento à escrivã da DPCAMI – Delegacia da Criança, do Adolescente, da Mulher e do Idoso, que investiga o caso. A mãe quer pedir uma autópsia, já que acredita que a morte de seu filho está relacionada diretamente à aplicação de uma injeção na sala de medicação da unidade, mas na delegacia, ela recebeu a informação de que o caso seria arquivado, já que nada de anormal teria sido identificado durante os procedimentos. Inconformada, a mãe pede uma resposta para a morte de seu bebê.

Criança feliz

Brincar e dar muitas gargalhadas era uma das marcas do terceiro filho de Arlene, o bebê Arthur, que passou aquele final de semana junto com a mãe e os dois irmãos na casa da avó, onde vive o pai das crianças. Todos os dias, a mãe preparava a papinha sempre com verduras fresquinhas, e Arthur adorava, como também mamava muito no peito, hábito que a mãe fazia questão de manter. Naquele domingo, já em casa, uma amiga da mãe foi almoçar e conhecer o bebê: "Ele tava brincando, sempre rindo, dando gargalhada. Minha amiga só dizia que ele era lindo", lembra a mãe, que narra que depois que a amiga foi embora, por volta das 20h, percebeu que o Arthur tinha um pouco de coriza e alguma reação: "Ele não vomitou, mas teve ânsia de vômito por duas vezes, eu pedi pro meu vizinho levar pra Upa. Levei mais pra ter certeza de que não era nada. Fui bem tranquila pra lá, com meu bebê enroladinho no cobertor. Ele não tinha febre nem nada. Nunca pensei que ia voltar pra casa e acordar no outro dia com meu bebezinho morto", relembra.

Atendimento

Os papeis da UPA e a Certidão de Óbito parecem causar a sensação de que algo pode ter dado errado durante o atendimento ao pequeno Arthur. O prontuário nº 107294 diz que o bebê deu entrada às 23h do dia 07/08/2016, atendido pelo médico J. B. C., que observou que Arthur estava corado, sem febre, sem dificuldade para respirar, e diagnosticou uma simples virose, indicando, no prontuário, a aplicação de Buscopan Composto 0,3 ml e Dramin B2 0,2 ml.

Na sala de medicação, um enfermeiro atendia ao pequeno Arthur, e também teria que aplicar a medicação em outro paciente, que reclamava de dores no peito. A mãe percebeu quando a agulha caiu no chão, e foi substituída pelo enfermeiro: "Eu estranhei a grossura da agulha e a seringa que tava com bastante remédio, mas não falei nada, porque pensei 'eles sabem o que estão fazendo'. Ele deu a injeção na perninha do meu filho, aí ele já amoleceu, já ficou branco, fechou os olhinhos. Voltamos para a sala do médico e ele examinou meu filho, viu a gargantinha dele, e foi a última vez que eu ouvi o chorinho do meu filho, quando o médico, que já era outro (o plantão tinha sido assumido pelo médico R. B. F.) deu alta para ele, disse que meu bebê estava bem e que era só uma virose", conta a mãe entre lágrimas, revivendo a difícil experiência.

Triste surpresa

"Vim embora, enrolei ele no cobertorzinho, com o coração bem tranquilo. Era uma hora da manhã. Botei meu filho na cama, não sei te dizer se já tava morto, acho que tava, porque ele não reagia, botei ele deitadinho de lado como costumo botar. Olhei pra ele, parecia estar dormindo, dormi. Era umas cinco e pouco da manhã, levantei, tava frio, joguei uma coberta por cima, botei a mão no rostinho do meu filho e tava geladinho. Peguei, botei o cobertorzinho nele, tapei, mas aí quando mexi é que vi que tava gelado, eu acho que já fazia umas três horas que tava morto, porque os olhinhos estavam abertinhos e a boca estava toda roxa. Eu acordei com ele morto, e eu na hora tentei fazer respiração, tentei abrir a boca dele, eu sei que enrolei meu bebê no cobertor, no fundo do meu coração eu já sabia, mas não quis aceitar. Corremos pra Upa, mas não puderam fazer mais nada por ele", conta a mãe, que diz que o mesmo médico que deu alta ao menino naquela madrugada assinou o prontuário n º 107294 , onde consta a morte da criança, às 6h15. Já a Certidão de Óbito assinada pelo médico D. da S. V. consta como causa da morte óbito por causa natural não esclarecida, morte súbita de lactente.

Para a mãe, que passa os dias abaixo de remédios e que diz que nunca vai esquecer o filho lindo e sorridente que saiu de sua casa naquele domingo e horas depois, é encontrado morto no berço, o único consolo é saber o que matou seu filho: "Esta pergunta me persegue, o que aconteceu com meu bebê? O que fez com que o meu menino morresse dessa maneira? Preciso dessa resposta para pelo menos entender o que aconteceu naquela noite, e tentar seguir em frente", finaliza.

Com informações da Revista W3

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