É impossível negar que a derrota da seleção nos entristeceu demais, mas não podemos perder a oportunidade de tirar lições preciosas do ocorrido. Talvez o aprendizado para o povo, em especial para as crianças e jovens, seja mais valioso do que o título de hexa campeão. É o momento propício para refletir sobre os valores inerentes ao ser humano, que muitas vezes por vaidade, falta de humildade, soberba são esquecidos, pois nos colocamos num pedestal, e nos consideramos inatingíveis.
O jeitinho brasileiro, o improviso, o oba- oba perdeu para um futebol com técnica, enérgico sem ser violento, organizado, jogado com garra, num espírito de equipe. Os alemães nos deram a maior lição de humildade, respeito e organização, desde a forma como conduziram o jogo até a comemoração. Foi uma demonstração de respeito inexplicável para com o povo brasileiro. Isso se chama “educação”. Ficaram até meio envergonhados pela facilidade com que fizeram nossa seleção descer do “salto”, pois para eles, como para todos os países do mundo, o Brasil é respeitado pela sua trajetória gloriosa na história do futebol. Esqueceram-se, talvez, que a consagração do futebol brasileiro aconteceu nos longínquos tempos onde o amor à camisa e à Pátria eram maiores que a ambição, que a vaidade, que a ganância.
Nossa seleção não foi derrotada. Ela se derrotou pela falta de organização, competência, determinação, espírito de equipe, equilíbrio. Não diria que faltou talento individual, mas sim habilidade para juntar as peças, dando o melhor de si para o sucesso da equipe. Faltou sabedoria para entender que não é porque somos os anfitriões, somos pentacampeões, somos um povo feliz, que temos a mais apaixonante torcida do mundo, que somos imbatíveis.
Foi uma sucessão de erros que aconteceram, mas só agora nos damos conta que sabíamos desde há muito, que estávamos sendo levados pela emoção acreditando no impossível. Não nos permitimos acreditar que nossa razão estava sendo cerceada pela emoção, pela alegria das músicas, das lindas imagens coloridas, das atraentes vinhetas, alimentando em nós a realização de um lindo sonho.
Mas, o sonho acabou… Agora é o momento de mostrarmos as nossas crianças e jovens que o sucesso em nossas vidas não vem por acaso. É preciso traçar metas para a realização dos sonhos, dar o melhor de si, para com equilíbrio, determinação e confiança superar os obstáculos que por vezes tentam nos derrotar.
A copa do mundo acabou, mas a vida continua. O futebol não é tudo, é apenas um esporte. Mais importante que jogar bola é ter educação de qualidade, saúde digna, segurança. Essa é a bandeira que devemos manter sempre erguida.
Como bons brasileiros que somos, fizemos a nossa parte. Agora só nos resta acompanhar os fatos, analisá-los criticamente e contextualizá-los, tirando lições que sirvam para a incorporação de novos conhecimentos a nossa vida. Comecemos então, a nos organizar para com consciência, garra e determinação darmos nossa contribuição para o maior evento que teremos nos próximos meses: ir às urnas e colaborar com as mudanças que o país precisa. Aqui os jogadores somos nós!