Empresa de Florianópolis conquista mais um passo importante para a instalação de complexo de produção de energia elétrica na região. Grupo gaúcho está no páreo.
Representantes da empresa RDS Energias Renováveis, de Florianópolis, comemoram a Licença Ambiental Prévia – LAP cedida pela Fundação do Meio Ambiente – Fatma, para a implantação de um complexo eólico em Laguna, com 294 aerogeradores. O próximo passo é conquistar a Licença Ambiental de Instalação – LAI.
Desde janeiro de 2013, a empresa aguardava as liberações dos órgãos ambientais. Um dos maiores entraves no desenvolvimento econômico do sul do estado, apontado com uma das macrorregiões mais pobres de Santa Catarina, é justamente o travamento burocrático. Além de licenças, o principal aval para que se inicie uma obra com tal magnitude precisa ser cedido pelo governo federal, por meio dos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel.
E é justamente aí que os investidores esbarram, nos conflitos papelórios do sistema. São documentos obrigatórios e taxas e mais taxas devidas aos poderes públicos municipal, estadual e federal. Mas como o potencial de produção de ventos em Laguna vale a pena, como os próprios investidores afirmam, vale a pena a espera.
O terreno do parque previsto pela RDS na Cidade Juliana fica próximo da Área de Preservação Ambiental – APA da Baleia-Franca, regido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, que colocou condicionantes que serão cumpridas pelos investidores. Este é o maior projeto de energia dos ventos do sul do país, com injeção monetária prevista de R$ 2,4 bilhões, com parte deste investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Se sair do papel, o Complexo Lagunar poderá ter potência de 568 MW, o que possibilita a distribuição de energia elétrica para 2,3 milhões de habitantes. Os aerogeradores serão distribuídos em três subcomplexos e seis parques eólicos, em área total de 5,5 mil hectares.
Representantes de grupo gaúcho estão habilitados para leilão da Aneel
Um dos maiores investimentos da iniciativa privada na história do município de Laguna deverá ter início ainda neste ano, pelo menos é o que preveem diretores do Grupo Open, de Porto Alegre, e da RDS, de Florianópolis. Ambos são voltados ao mercado de produção de energias eólicas e fotovoltaicas. Os representantes da empresa gaúcha, por exemplo, já estão habilitados para o próximo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. A RDS ainda mira a Licença Ambiental de Instalação – LAI.
Este leilão iria ocorrer em janeiro deste ano, mas foi prorrogado. “Foi até melhor para nós. Assim, temos mais tempo para finalizar os últimos detalhes do projeto”, aponta o engenheiro Leo Riffel, do Grupo Open, que planeja a instalação de 65 aerogeradores na região da Madre, a um custo inicial de R$ 800 milhões. A companhia catarinense tem pretensões ainda mais ousadas: injetar 2,4 bilhões na construção de um complexo com 249 torres.
Energia eólica em Santa Catarina
Hoje, a geração da energia a partir dos ventos no estado está concentrada em Água Doce e Bom Jardim da Serra, Oeste e Planalto Serrano, respectivamente, onde estão localizados os 15 maiores parques. Mas é em Laguna que os ventos têm mais força e frequência, segundo apontam especialistas. O potencial produzido pela empresa gaúcha na Cidade Juliana seria de 700 MW por ano, o que corresponde a um município com 1,2 milhão de habitantes. Portanto, a expectativa seria participar deste leilão e já colocar o parque em operação no segundo semestre de 2017. Mas agora, com a possibilidade de nulidade do leilão para este ano, o projeto, se ainda for colocado em prática, deverá ser concluído mesmo entre o fim de 2018 e o primeiro semestre de 2019.
Laguna entraria em seleto grupo
Apesar dos planos, que podem transformar a Amurel em um dos pontos de maior destaque na produção de energia elétrica do país – já que em Capivari de Baixo há geração por meio da Termelétrica Tractebel, Tubarão por meio da Usina Fotovoltaica Cidade Azul, Rio Fortuna e São Martinho pelas PCHs Barra do Rio Chapéu e Volta Grande, respectivamente, Laguna, com o parque eólico, entraria neste seleto grupo, e ainda se destacaria como uma das potências em um dos setores que mais cresce no mundo, e também um dos que mais migram à questão da sustentabilidade.
“Aguardava ansioso este leilão – em janeiro – para que a empresa iniciasse o processo seletivo. Agora, resta continuar com os ‘bicos’ que faço até alcançar uma oportunidade de trabalho”, projeta o pedreiro desempregado Antônio Dagorete, que mora em Laguna e objetiva atuar na construção do Parque Eólico.