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Lauro Müller e Sul do Estado não esquecem a enchente de 1974

38 anos da tragédia que deixou 199 mortos em Tubarão. Foi a pior enchente registrada em Santa Catarina.

Ocorrida em 23 e 24 de março de 1974 esta enchente foi devastadora, varrendo praticamente as margens do Rio Tubarão, da nascente até sua foz, bem como todos os seus afluentes. Destruiu parcialmente a cidade de Tubarão e todo o ramal ferroviário que atendia Orleans e Lauro Müller.

No interior de Orleans e Lauro Müller os prejuízos foram incalculáveis, lavouras foram destruídas, rebanhos dizimados e as estradas e pontes simplesmente desapareceram.

Em Orleans, a usina hidrelétrica, pioneira no sul do estado desde 1937, teve destruídos a barragem, o canal e a casa de máquinas. O Município perdeu as pontes da ferrovia, a paralela que servia de acesso a Lauro Müller e a de concreto que dava acesso a Urussanga. Casas modestas situadas ao longo das margens do rio foram levadas pelas águas.

Lauro Müller que nem bem havia se recuperado da enchente de 1971, voltou a vivenciar o mesmo pesadelo em 1974, quando sofreu com os estragos causados pela segunda grande enchente. Apesar de, felizmente, ter havido apenas seis mortes em 1971, os danos imensuráveis daquela época ainda estão na cabeça daqueles que presenciaram a catástrofe.

Em uma chuva de poucas horas, diversas famílias viram seus lares sendo carregados pelo rio que se transformou numa forma violenta, como nunca antes vista. Pela escassez de linhas telefônicas na época e, como também, pela falta de energia elétrica causada pelos estragos da forte chuva, muitos se encontravam incomunicáveis e desesperados pela falta de contato com parentes que não estavam próximos de suas residências.

Enchente de 1974 foi a pior de Santa Catarina

Tubarão foi o município mais castigado pela enchente de 1974. A força das águas deixou 199 mortos e 65 mil desabrigados. O rio que dá nome ao município subiu 10,22 m depois de dois dias de chuvas ininterruptas. A água baixou apenas dois dias depois e 90% dos moradores perderam tudo o que tinham.

Outras grandes enchentes ocorrem em 1983 e 1984 e, de acordo com os números oficiais, 140 pessoas morreram em todo o Estado nessas cheias.
Em 1983, somente em Blumenau, 197 mil pessoas ficaram desabrigadas e oito morreram depois que o rio Itajaí-Açu subiu 15,34 m. A enchente durou 31 dias, do dia 5 de julho até 5 de agosto. Em agosto do ano seguinte, o rio atingiu 15,46 m e deixou um saldo de 155 mil desabrigados e 16 mortos.

Outras fortes chuvas ainda causaram 69 mortes nas regiões sul catarinense e metropolitana de Florianópolis em 1995.

Cataclisma provocou a enchente de 1974

A grande cheia de 1974 foi provocada, segundo pesquisa do historiador e diretor do Arquivo Histórico de Tubarão, Amadio Vettoretti, por um fenômeno chamado cataclisma. As massas oceânicas foram empurradas para o continente pelo vento Leste, bateu na Serra do Rio do Rastro e não conseguiu se dispersar, ocasionando a forte precipitação pluviométrica. "Por causa do fenômeno, ocorreu uma tromba d'água. Por isto, temos que torcer para que não ocorra vento Leste na região em dias de chuva. Senão, poderemos ser vítimas de outra enchente. Não quero que isto aconteça, mas a natureza é imprevisível", argumenta.

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