Ele perdeu o movimento do pescoço para baixo há quase 12 anos. Diego busca apoio para se mudar para Tubarão, onde quer realizar o sonho da faculdade.
Diego Mateus queria ser jogador de futebol. Era meia-esquerda, disputava campeonatos na região e com frequência era escolhido o atleta da temporada por causa de seu talento nos gramados. Um dia, em 25 de setembro de 2005, estava em um encontro de bandas em São Ludgero, quando decidiu ir para a rua pegar um pouco de ar e conversar com os colegas.
Minutos depois, um amigo chegou com sua moto recém-comprada, um modelo que era então o sonho de consumo dos rapazes da cidade. Diego subiu na garupa, e o piloto acelerou e empinou a moto. Pego de surpresa, o rapaz, na época com 18 anos, caiu para trás e bateu com a cabeça no meio-fio. Só acordou 15 dias depois na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição – HNSC, em Tubarão, com três vértebras quebradas, a medula comprimida e sem o movimento de braços e pernas. Estava tetraplégico.
Quase 12 anos depois do acidente que mudou os rumos de sua vida, Diego, 29, mantém-se cheio de planos. Da palavra desânimo, por exemplo, nunca ouviu falar. “Quando surgem obstáculos, há duas opções: ou aceita ou se levanta. Sempre escolhi a segunda. Eu vejo as quedas como oportunidades para amadurecer”, ensina. Com os sonhos de ser jogador interrompidos, ele agora está em busca de alguma universidade onde possa fazer um curso superior a partir deste ano.
Entrou em contato com a Universidade Federal de Santa Catarina – Ufsc, que lhe acenou com a possibilidade de cursar administração à distância, com algumas aulas presenciais no polo de Braço do Norte. Mas Diego prefere outras áreas: se não for psicologia, ele quer jornalismo – uma paixão recente, nascida há cerca de três anos, quando começou a administrar o site e a página, no Facebook, do jornal Cidade Notícias, de seu amigo e ex-técnico José Carlos Santos.
O semanário existe há 12 anos, mas explorava pouco o universo online. Foi aí que Diego deu a ideia de criar o site. Então, passou a abastecer a página na rede social, e a comunidade passou de 1,9 mil seguidores para 12,5 mil.
Rotina
Diego acorda cedo, checa os e-mails e começa a publicar as notícias que chegam. Não para de fazer cursos online e, enquanto descansa, assiste a aulas pela internet. “Estou sempre estudando para fazer o melhor possível”, afirma. Para usar o computador, Diego tem um mouse adaptado, que ganhou em uma de suas consultas no hospital de reabilitação da Rede Sarah, em Brasília. Os movimentos são feitos com o queixo. Ele conta ainda com um teclado completo na tela do computador, fornecido via download por uma empresa da França.
Há meio ano sem fazer fisioterapia porque o Estado não repasse em dia o dinheiro para as consultas, Diego tenta agora seguir o tratamento na Clínica-Escola da Unisul. Mas isso representa nova mudança em sua vida. Para facilitar a rotina, ele e mãe estão se preparando para se mudar para Tubarão, onde já têm um terreno à disposição, mas precisam de doações para comprar os materiais para erguer a nova casa. Por causa disso, a mãe terá ainda de deixar o emprego.
Diego precisa voltar a fazer fisioterapia
Quando Diego acordou no leito da Unidade de Tratamento Intensivo – UTI, pensou que a perda dos movimentos seria passageira. Mas, pelo semblante dos pais, abatido de tanto choro, desconfiou que a situação era mesmo complicada. Para o médico, em dois anos ele estaria recuperado. Depois de seis meses no hospital, Diego voltou para casa, de onde segue procurando pela internet por novos tratamentos.
“Qualquer movimento é importante. É como ganhar a Copa do Mundo”, diz. Em 2007, ficou 40 dias em Brasília no Hospital Rede Sarah, referência nacional em reabilitação, e em 2014 cruzou o Atlântico em busca de novas esperanças. Em meio às conversas já avançadas com um médico de Portugal, Diego recebeu a notícia de que o doutor havia morrido. Preocupado, saiu à procura de outros membros da equipe do português, até que foi dado como apto à cirurgia que iria lhe implantar células-tronco extraídas do próprio nariz.
Entre ajuda de todos os lados, conseguiu os 35 mil euros, mais a passagem para ele e a mãe. De volta ao Brasil, Diego precisaria fazer quatro horas diárias de fisioterapia para estimular as células. Mas na falta do repasse do governo do Estado está sem o tratamento há seis meses. Como custa caro, ele espera conseguir uma vaga no atendimento da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul.
Em palestras, ele compartilha experiências
Diego nasceu em Orleans, mas logo a família se mudou para Tubarão. Quando tinha 16 anos, foram para São Ludgero, onde estão até hoje. Sua história é uma lição de vida, que ele compartilha em inúmeras palestras na região, porque gosta mesmo é de ajudar. Ouvi-lo é um aprendizado. “Sempre acreditei em mim mesmo”, ensina ele, mais uma vez.
Como é o tratamento das tetraplegias?
Nas tetraplegias, o paciente tem pela frente a difícil tarefa de adaptar-se à sua nova modalidade de vida e aprender a usar os recursos (médicos e sociais) disponíveis e o médico deve cuidar das possíveis complicações que advenham dessa nova condição. Uma preocupação especial deve ser mantida com a pele, nos pontos de apoio do corpo, para que ela não se fira.
Como ajudar
• 3 mil tijolos;
• 20 bolsas de cimento;
• 900 telhas;
• 20 barras de ferro 5,16;
• 10 barras de ferro 4,2;
• 6 metros de areia grossa;
• 3 metros de brita;
• 6 metros de areia de
argamassa;
• Meio metro cúbico de caixaria;
• Tábua de 25 c.m;
* Telefone de contato: (48) 9.9995-9265 (WhatsApp)
Com informações do Jornal Notisul