Iniciativa faz parte do festival “Mia Cara”, promovido pelo Consulado da Itália no Brasil
Uma noite para aprender sobre uma parte cruel da história italiana e sobre o jornalismo investigativo. Os acadêmicos de Jornalismo da UniSatc e convidados puderam compreender um pouco mais da vida da jovem Rita Atria, que morreu em 1992, mas que revelou meandros do esquema mafioso local. A história de Rita é o tema central do livro da jornalista Giovanna Cucè, que realizou palestra na noite desta segunda-feira (28).
O livro “Io sono Rita ‘Rita Atria: la settima vittima di Via D’Amelio” foi escrito por Giovanna, Nadia Furnari e Graziella Proto. O pai dela e o irmão eram mafiosos e foram assassinados por outros rivais. Aos 17 anos, Rita decide romper o silêncio e contar tudo o que sabia às autoridades policiais. “Ela lutou contra a máfia e é um exemplo de coragem”, reforça Giovanna.
Dois grandes nomes da Justiça Italiana que se destacaram no processo de combate aos criminosos, os juízes Giovanni Falconi e Paolo Borsellino, foram assassinados em emboscadas. Após a morte de Borsellino, a quem Rita considerava um segundo pai, ela cometeu suicídio. Pelo menos é o que disse a informação oficial. “Há pontos que não ficaram claros e que levantam dúvidas sobre isso. Durante a investigação e produção do livro descobrimos questões que ainda estão sem resposta”, cita Giovanna. Uma delas é um policial que apareceu logo após a autópsia e que recolheu a agenda de contatos da jovem. Até hoje não se sabe quem ele é e o que fez com as informações.
A vinda da jornalista ao Brasil faz parte do Festival Mia Cara, promovido pelo Consulado Geral da Itália, com sede em Curitiba (PR). A iniciativa visa fortalecer a cultura italiana e se aproximar da sociedade. O evento tem o apoio do Comitato degli italiani all’estero (Comites PR/SC), órgão de representação dos cidadãos italianos residentes no Paraná e em Santa Catarina. O presidente do Comites, Eduardo Bonetti, ex-aluno Satc, acompanhou a jornalista convidada e foi o tradutor da palestra. “O livro traz uma parte da história macabra da Itália, que não pode ser esquecida”, ressalta Bonetti.