"Há provas suficientes para o indiciamento por estupro de vulnerável", diz delegado. Prisão temporária foi convertida em preventiva.
A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga o caso do padre preso suspeito de pedofilia em Santa Catarina. “Para a polícia, há provas suficientes para o indiciamento por estupro de vulnerável, que ele é responsável pelos crimes que está sendo acusado”, afirma o delegado Marcel de Oliveira.
A defesa do padre informou que só se manifestará em juízo. O inquérito policial foi concluído nessa sexta-feira (7) e apontou que cinco meninos de São Francisco do Sul, município da região Norte do estado, teriam sido abusados pelo padre.
“A gente sempre acredita que pode ter mais, pelo tempo que ele atuou em São Francisco do Sul, mas nenhuma outra vítima ou família nos procurou”, diz o delegado.
Prisão preventiva
Ainda na sexta, o delegado pediu que a prisão temporária do padre fosse convertida em preventiva. O advogado do padre, Karlo Murillo Honotório, informou que no fim de semana foi notificado sobre a conversão da prisão em preventiva e que vai aguardar o expediente do Fórum para ter acesso às informações do inquérito.
O religioso está preso na Unidade Prisional Avançada – UPA de São Francisco do Sul. “Ele solto pode prejudicar o andamento do processo penal, isso na opinião da polícia”, diz o delegado.
Indiciamento
Confome Oliveira, o indiciamento ocorreu durante a investigação. “Foi já quando ele foi preso, há 30 dias. Com a conclusão do inquérito, confirmamos o indiciamento, tivemos mais informações. Enviamos o inquérito para o Fórum. Mas a Justiça pode devolver, pedir mais diligências”, explica. A reportagem não conseguiu contato com o Fórum da cidade na manhã desta segunda (10).
A Diocese de Joinville informou que até a manhã desta segunda-feira não havia sido comunicada oficialmente sobre a conclusão do inquérito. Ainda de acordo com a Diocese, por meio da assessoria de imprensa, se condenado, o padre será demitido do estado clerical.
A Diocese de Joinville decretou a suspensão das atividades dele e abriu um processo de investigação interna para apurar o caso.
Abusos
De acordo com o delegado, “a conclusão do inquérito não mudou nada o que já estava sendo investigado”. Algumas das vítimas detalharam os abusos sofridos na casa paroquial.
Durante a investigação, o delegado relatou que um dos encontros com o padre ocorreu em Joinville, conforme as vítimas. “O padre aliciava as crianças nas paróquias onde morava e as levava para retiros espirituais. Elas dormiam nesses locais em um quarto com o padre”, disse o delegado.
Os meninos contaram sobre os abusos aos pais que denunciaram à polícia. Conforme a Polícia Civil, os crimes vinham acontecendo há cerca de dois anos. Algumas das vítimas detalharam os abusos sofridos na casa paroquial.
Padre ganhou confiança da comunidade
O padre foi ordenado em 2011 e, logo em seguida, enviado a Mafra, também no Norte do estado, onde trabalhou por um ano. Em São Francisco do Sul, o padre esteve à frente da Paróquia Santa Paulina por quase cinco anos.
Logo passou a ser considerado um exemplo e ganhou a confiança da comunidade por ter melhorado a estrutura da igreja – construiu calçadas e muros, instalou ar-condicionado. Ele também é lembrado por reunir a vizinhança em celebrações.
‘Nós o amávamos de todo o coração’
“Ele vinha a nossa casa, tomava café, almoçava, jantava, vinha passear aos domingos. Nós tínhamos ele como uma pessoa da família, mesmo. E nós o amávamos de todo o coração”, contou a mãe de um dos meninos que relataram abusos.
Com informações do site G1 SC