No último domingo (22), uma fatalidade marcou para sempre a família de Paulo Ricardo de Oliveira, de 31 anos. Em Araranguá, Paulo teve um incidente rápido, mas fatal, ao cair dentro de um fundo poço artesiano, após se desequilibrar e tentar se segurar em um fio de extensão elétrica.
Paulo Ricardo era casado, trabalhava como servente e também tinha "espírito aventureiro", segundo os familiares. "Se precisasse escalar uma torre de caixa d'água, só para consertar um negocinho, ele mesmo já se metia a fazer", lembra o tio da esposa de Paulo, Rogério Vieira, que estava com ele no momento da tragédia, com mais alguns parentes. O fato aconteceu nos fundos da casa da família da esposa da vítima, na rua João Francisco Alves, no bairro Nova Divineia.
E foi por ter essa disposição voluntária, que o avô da esposa de Paulo, o aposentado José Vieira, pediu ao "quase genro" que ajudasse a retirar alguns restos de entulho de dentro do poço artesiano de trás de casa. "Eu construí esse poço muito tempo atrás, e ele abastecia a casa, mas depois trocamos pela instalação do Samae, e ele acabou ficando sem uso. Eu mesmo já subi e desci por ele diversas vezes, mas dessa vez, acabei pedindo para o Ricardo, que aceitou de primeira", conta José.
De bermuda e descalço, Paulo Ricardo entrou no poço por meio de uma escada, amarrada com uma corda grossa a uma viga de cimento ao lado. O poço tem sete metros de altura, preenchido com dois metros de água. Por ser estreito, é muito escuro, então o pessoal colocou um fio de extensão elétrica para ter luz lá dentro. Enquanto descia pela escada (que, mesmo com a corda, não conseguiu atingir o fundo do poço), o pé de Paulo Ricardo escorregou e, no impulso de tentar não cair, segurou firme no fio da extensão.
No entanto, com o peso de aproximadamente 80 quilos, Ricardo acabou forçando o bocal da luz e levou um eletrochoque. O impacto fez o homem cair diretamente na água, afundando os dois metros, sem conseguir voltar à superfície. Era 9h17min da manhã domingo, quando o Corpo de Bombeiros recebeu um telefonema pelo 193, com urgência. Com uso de duas viaturas, os bombeiros militares conseguiram retirar Paulo Ricardo em meno de dez minutos após a queda. Porém, já sem sinais vitais.
O Instituto Médico Legal – IML foi chamado para recolher o corpo, e Paulo Ricardo foi velado no Cemitério Cruz da Paz, no mesmo bairro. Um impacto tremendo para a família, tanto da vítima (que mora no bairro Coloninha) quanto da esposa da vítima, que presenciou a cena. "Eu tinha acabado de voltar da missa quando cheguei em casa, e o Ricardo estava já dentro do poço, conversando, rindo, brincando, como sempre faz… De repente, um barulho e pronto. Foi muito rápido…", lembra Rogério.
Para José, foi uma fatalidade, da qual ninguém teve culpa. "Era perigoso? Era, mas o Paulo sabia do risco. Entrar em um poço assim não é brincadeira. Ele sempre foi bem confiante, seguro… Infelizmente, incidentes assim não têm como prever", lamenta o aposentado. Nos fundos da casa, a escada amarrada com corda ainda permanece ao lado do poço, símbolo da tragédia repentina.
Colaboração: Djonatha Geremias/Correio do Sul