Ele tinha sido acusado de estupro por uma adolescente. Justiça condenou Estado a pagar indenização de R$ 15 mil.
“Cheguei em casa, tomei banho e fui pra cama deitar, como toda a vida fazia, né. Depois deu aquela surpresa, né. Daí polícia bateu lá. Está preso, tá preso! Preso o que? Que eu fiz? Não matei nem roubei ninguém. Eu tinha certeza que ia lá e já voltava. E não voltei”.
O relato é do homem que ficou na cadeia durante quase 3 anos em Santa Catarina após ser acusado do crime de estupro por uma adolescente de 16 anos e que agora vai receber indenização de R$ 15 mil por parte do Estado porque foi considerado inocente. Ele prefere não revelar o nome.
“Não tinha provas, havia muita divergência de depoimentos da própria vítima. Não tinham provas robustas pra um decreto condenatório”, disse o advogado Jean Carlos Centuri.
O homem de 46 anos e que até então trabalhava como madeireiro e nunca tinha sido algemado, acabou sendo levado para o presídio da cidade vizinha de Rio do Sul. “Nem sonhava…. Pra falar a verdade, eu nunca pensava que ia entrar numa cadeia, nem perto não chegava”, contou.
Ele foi transferido depois de 10 meses para a penitenciária de São Cristóvão do Sul. No total, foram dois anos e oito meses de prisão. A notícia da soltura, esperada por tanto tempo, chegou no dia 30 de maio de 2013.
“Como é teu nome? Falei o nome. Tem um mandado de soltura aqui pra você. Me mandaram embora, ‘você ‘não deve nada pra Justiça'”, relatou.
A defesa pediu uma indenização por danos morais e a 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina – TJSC condenou o Estado a pagar R$ 15 mil. “Eu acho que é pouco, mas fazer o que? O pouco também ajuda”, disse.
A Procuradoria Geral do Estado informou que a determinação judicial vai ser cumprida. “O próprio Judiciário admitiu que houve erro, né. Houve erro através do excesso no julgamento de recursos?”, disse o advogado. “Ficar dois anos e oito meses preso por algo que você não fez, é algo surreal. Não tem como alguém que não passou imaginar o que é isso”, acrescentou Centuri.
Vinte dias depois de ser solto, o ex-presidiário conseguiu um emprego. Continua morando na mesma cidade e afirmou que não pensa em sair de lá.
Com informações do Portal G1/SC