Desta vez ele foi preso porque tinha um mandado de prisão ativo. Na última semana ele foi preso furtando no centro de Criciúma e liberado na audiência de custódia
O homem que foi preso 14 vezes por furto e liberado na última semana em audiência de custódio, foi detido novamente nesta terça-feira, 7, em Criciúma.
Conhecido da Polícia Militar, ele foi abordado no bairro Pinheirinho e nada de ilícito foi encontrado, mas os policiais verificaram no sistema que havia um mandado de prisão em aberto e ele foi levado ao Presídio Santa Augusta.
A prisão e a soltura dele na última semana foi motivo de indignação externada pelo comandante do 9ª Batalhão da Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Mário Luiz Silva. Na ocasião, ao ser preso com os produtos dos furtos, o homem foi solto no dia seguinte em audiência de custódia e o comandante fez uma espécie de desabafo sobre esse tipo de ocorrência.
Confira o relato:
Boa tarde senhores,
Na noite desse último dia 29 de janeiro de 2023 uma ocorrência policial em Criciúma retratou com fidelidade a nefasta realidade da segurança pública brasileira.
Um cidadão (iniciais FSF) foi preso em flagrante logo após ter subtraídos alguns bens de uma residência (furto).
O que causa perplexidade é o fato que esse mesmo cidadão havia sido preso pela PM no dia 18 de janeiro último (11 dias atrás). Na data dos fatos, o criminoso invadiu um condomínio e furtou alguns objetos. Apesar de preso em flagrante delito, FSF não permaneceu encarcerado .
Para realizar a prisão de FSF no dia 18, uma policial militar teve uma lesão no joelho. Logo após esse evento estive em alguns veículos de comunicação da cidade e afirmei que: “por mais paradoxal e bizarro que possa parecer, antes da policial se recuperar da lesão, o criminoso já estava em liberdade”. Agora vou ter que retificar minha fala: “antes da policial se recuperar, o criminoso já estava delinquindo novamente”!
Mas a insensatez não termina por aqui. A barbarie maior está no fato de que esse cidadão conta com nada menos que QUATORZE passagens policiais por furto em um espaço de tempo de pouco mais de um ano, tendo sido quatro vezes preso em flagrante delito por furto.
Nesse início de 2023 sentimos um aumento no número de furtos e roubos em Criciúma. A fim de restabelecer a ordem, a Polícia Militar vem realizando intensas operações para prevenção e repressão ao crime, contudo o caso ora narrado deixa evidente que outros atores devem ser chamados à responsabilidade pela segurança pública.
Nos últimos dias participei de algumas reuniões e rodas de discussões sobre a segurança pública em Criciúma com autoridades públicas, sociedade civil organizada e a imprensa Casos como este em tela ratifica o meu posicionamento: o problema está para além da ação policial, mas sim na certeza da impunidade.
Os honrados e abnegados policiais militares não esmorecerão com fatos como esses e continuarão cumprindo a suas missões com maestria, contudo é imprescindível que a algo seja feito, sob pena do caos se estabelecer.
Em 1764 um dos maiores criminólogos da humanidade, Cesare Beccarie, escreveu em sua célebre obra, Dos Delitos e Das Penas, que: “o que faz com que o criminoso não delinqua não é a severidade da punição, mas a certeza dela”. Essa afirmação nunca estava tão atual.
MÁRIO LUIZ SILVA
Tenente-Coronel
Comandante do 9º Batalhão