Dois grandes grupos e mães e filhotes passaram por duas praias do município de Imbituba
O dia de ontem surpreendeu biólogos, oceanógrafos e veterinários do Projeto Baleia Franca (PBF), que tem sede em Imbituba. A capital da Baleia Franca fez jus ao nome. Dois grandes grupos e mães e filhotes passaram por duas praias do município.
No primeiro grupo, na Praia da Ribanceira, 21 baleias foram monitoradas. Quase ao mesmo tempo, a Praia de Itapirubá recebeu uma familiar menor, com oito baleias. Todos os animais foram fotografados e serão estudados pelos profissionais do Projeto Baleia Franca. Segundo a diretora da instituição na região, Karina Groch, este número realmente chamou a atenção. “Registramos uma média de cinco baleias por dia na Praia da Ribanceira, que concentra a maioria das baleias da espécie nesta época do ano”, explica Karina.
Os animais migram, nesta época do ano, rumo ao Norte e são avistados até a região da capital. Ontem, um filhote de baleia franca foi avistado por pescadores na Praia do Maço, em Palhoça. Mas o passeio do “pequeno” de mais de quatro toneladas não era tão livre assim. Uma rede de pesca estava presa em seu corpo. Profissionais do PBF devem sobrevoar a região hoje para tentar encontrar o filhote e tentar ajudá-lo a se livrar da rede. A Praia do Rosa, também em Imbituba, registrou a presença de uma baleia adulta. Mais duas espécies foram vistas ontem, de longe, na região norte da Ilha, na Praia do Santinho. Somente na última semana, quase 200 baleias francas foram monitoradas. O clima desta semana favorece a presença dos animais, principalmente no Sul do Estado.
Ciência para conservação
Ao longo de seus quase trinta anos de atuação, o Projeto Baleia Franca ajudou a fazer história na pesquisa de cetáceos no Hemisfério Sul. Desde o treinamento de sua equipe na Patagônia argentina, sob a supervisão do dr. Roger Payne, o maior especialista mundial em baleias francas, até o uso, pela primeira vez no Brasil, do helicóptero como instrumento eficaz de monitoramento e obtenção de imagens de importância científica. Por meio do uso da fotoidentificação individual aérea das baleias, usando as verrugas existentes na cabeça dos animais como se fossem impressões digitais, o Projeto Baleia Franca, em colaboração com outros pesquisadores no Atlântico Sul, conseguiu pistas claras sobre a migração reprodutiva da espécie no Atlântico Sul e a relação entre as populações brasileira e argentina de baleias francas.