Combustíveis têm escalada de preços em 2021 por fatores como alta do dólar e do petróleo; entenda
O preço da gasolina passou de R$ 2,74 para R$ 6,40 nos últimos 10 anos em Santa Catarina. A diferença é de 134% na comparação entre o valor médio cobrado pelo combustível no Estado em novembro de 2011 e na mais recente pesquisa, feita na última semana de outubro.
Os dados são dos levantamentos de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nos postos de cidades como Florianópolis e Blumenau, no entanto, é possível ver preços acima de R$ 6,50 anunciados nas bombas.
A variação, é claro, deve considerar a inflação acumulada nesse período. No entanto, a alta da gasolina é quase o dobro do aumento médio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE e considerado a inflação oficial do país. O indicador nos últimos 10 anos foi de 76,4%. Tivesse sido corrigida apenas pela inflação nesse período, a gasolina custaria R$ 4,83.
Nesses 10 anos, o valor da gasolina no Brasil sofreu variações. O controle dos preços durante o governo Dilma Rousseff, a forte desvalorização da Petrobras durante o auge das denúncias da Operação Lava-Jato e, mais recentemente, a política de paridade de preços com o mercado internacional, instituída no governo de Michel Temer, interferiram nas oscilações das quantias pagas pelos motoristas nos postos.
O mais recente aumento da gasolina ocorreu na semana passada. Desta vez, a alta foi de 7% na gasolina e de 9,5% no diesel – que também reflete sobre preços de produtos, já que a maior parte dos transportes no país ocorre por rodovias.
Na semana passada, governadores anunciaram um congelamento de ICMS sobre a gasolina como estratégia para tentar conter os preços. A medida, no entanto, deve ter pouco efeito prático sobre os preços e foi apontada como ação política para tentar rebater as críticas de apoiadores do governo Bolsonaro, de que a culpa pelo preço alto do combustível seria do imposto estadual, gerido por governadores. A alíquota do ICMS, no entanto, é fixa e estipulada em 25% em SC.
Preço final da gasolina já subiu 40% no ano em SC
A maior escalada de preços da gasolina, no entanto, ocorreu entre 2020 e 2021. Um ano atrás, o combustível custava surpreendentes R$ 4,27. O preço era influenciado por fatores como a redução na demanda mundial por causa da pandemia de Covid-19, que baixou o valor do petróleo.
Um ano depois, no entanto, a situação é bem diferente. De janeiro até agora, o preço médio em SC passou de R$ 4,59 para R$ 6,40, uma alta de 40% no valor médio sentido diretamente pelo consumidor nos postos. No preço do combustível cobrado pela Petrobras, o aumento no país já chega a 73%, fruto de 11 reajustes anunciados pela companhia.
Mas por que a gasolina aumentou tanto entre 2020 e 2021? A professora de Economia da Univille, Jani Floriano, explica. Em 2020, pesaram o fechamento dos países pela pandemia de Covid-19, o aumento do frete internacional e até mesmo o acidente com o navio preso no canal de Suez, que atrasou e encareceu transportes em todo o mundo. Como a política de preço considera as variações de câmbio e do mercado mundial, na parte final do ano passado isso pesou sobre os preços praticados também no Brasil.
Dólar e demanda por petróleo pressionam preço
Em 2021, a alta do dólar e a volta das atividades econômicas presenciais, que aumenta a demanda por combustível com mais pessoas indo para o trabalho, passeios e transportando mercadorias, encareceu o preço do petróleo – o que também repercutiu nos valores cobrados nos postos.
– Apesar da mudança (na política de preços) ter ocorrido em 2016, até 2020 os fatores internacionais e de câmbio não impactaram e ninguém percebeu (efeitos). Mas a partir de 2020, com as mudanças de mercado internacional, isso passou a refletir nos aumentos da gasolina – avalia.
Sem sinalização de mudança na política de preços, para os próximos meses a esperança é de que a normalização da economia e a queda da pressão sobre o dólar possam aliviar o cenário que vem elevando a gasolina.
Com informações do NSCTotal