Além de proibido, esse vaivém é de alto risco. Vídeos e fotos de apreensões da Receita Federal mostram carros carregados com galões de gasolina e botijões de gás, lado a lado
O preço alto da gasolina e do gás de cozinha no Brasil têm feito aumentar o comércio e transporte ilegal desse tipo de mercadoria na fronteira com a Argentina, no Oeste do Estado.
Somente nas últimas semanas, a Receita Federal apreendeu mais de 2 mil litros de combustível trazidos de forma irregular do país vizinho na região de fronteira, em Santa Catarina e no Paraná.
Além de proibido, esse vaivém é de alto risco. Vídeos e fotos de apreensões da Receita Federal mostram carros carregados com galões de gasolina e botijões de gás, lado a lado.
— São verdadeiros carros-bomba — diz o delegado Mark Tollemache, da Receita Federal em Dionísio Cerqueira.
Chama atenção da fiscalização que não se trata de compra para consumo próprio, mas para revenda no Brasil. Grupos atravessam a fronteira, enchem dezenas de galões com combustível, e depois revendem no mercado paralelo. Já existe uma rede de distribuição, inclusive com ofertas de delivery de gasolina e gás de cozinha “da fronteira” nas redes sociais. Desta forma, os produtos ilegais têm se espalhado para além da região fronteiriça em Santa Catarina.
O que estimula o comércio ilegal é o preço. O botijão de gás argentino está custando entre R$ 25 e R$ 30 – menos de um terço do preço cobrado no Brasil. O litro da gasolina sai por R$ 3 a R$ 3,50, metade do que custa o litro em SC. Diante da demanda brasileira, no lado argentino já se instalaram postos improvisados em que não é preciso nem descer do carro para encher os galões.
Fiscalização
O comércio ilegal de combustível e gás de cozinha já era uma prática comum na região de fronteira com a Venezuela, no Norte do país, devido à diferença de preços em relação ao Brasil. Por lá, também são comuns os acidentes com atravessadores, já que se tratam de mercadorias inflamáveis e perigosas. Isso preocupa os órgãos de fiscalização em Santa Catarina.
Outro ponto de preocupação dos órgãos de controle é que o transporte dos galões “no varejo” evolua para esquemas mais sofisticados, com adulteração e entrada em grande quantidade para abastecer postos regulares de venda, ludibriando o fisco – ou seja, escapando dos impostos – e enganando os consumidores.
A Receita Federal deverá seguir em operação concentrada para flagrar o transporte irregular de combustível e gás de cozinha, em parceria com outros órgãos como Exército, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal. A região de fronteira entre Brasil e Argentina, no entanto, tem pouco efetivo para fiscalização, o que acende o sinal de alerta.